Kosovo proclama a sua independência da Sérvia, neste Domingo 17 de Fevereiro. Divisão
na Comunidade Internacional
(17/2/2008) O primeiro-ministro do Kosovo, Hashim Thaçi, anunciou, ontem à noite,
através da televisão pública kosovare, "RTK", que a organização da declaração da independência
do Kosovo seria concluída hoje, "em coordenação com os parceiros internacionais". O
anúncio de Thaçi ocorreu depois da União Europeia (UE) ter dado ontem "luz verde"
ao envio dos primeiros dos cerca de 2.000 membros da missão civil EULEX (aprovada
em Dezembro de 2007), que, a partir da próxima semana, vai "enquadrar" os primeiros
passos do Kosovo independente. Um encontro durante a manhã deste Domingo ,entre
as máximas autoridades institucionais do Kosovo – o Presidente Fatmir Sejdiu, o Primeiro
Ministro Hashim Thaci e o speaker do parlamento Jakup Krasnigi, deu inicio ao processo
para a declaração de independência unilateral da província de maioria albanesa do
Kosovo . Nesta ocasião o primeiro ministro formalizou o pedido de convocação
de uma sessão extraordinária do Parlamento, destinada a proclamar esta tarde a independência
do Kosovo Os dirigentes kosovares contam ter o apoio de mais de cem países na proclamação
de independência, incluindo os Estados Unidos. Na UE, seis Estadod-membros – Chipre,
Espanha, Grécia, Bulgária, Roménia e Eslováquia – opõem-se à intenção de Pristina.
Não obstante o apoio da diplomacia portuguesa, o presidente da República Portuguesa,
Cavaco Silva, vê com "bastante preocupação" a iminente declaração de independência
do Kosovo, região onde estão de reserva quase 600 militares portugueses. Lembrando
que Portugal "defende uma posição conjunta da União Europeia" (UE) nesta matéria,
o presidente - ontem de visita às tropas portuguesas no Líbano não escondeu cepticismo
face aos cenários mais prováveis "Ninguém gosta de declarações unilaterais de independência,
mas às vezes tornam-se situações de facto". A Sérvia,, com o apoio de Moscovo,
considera a província do Kosovo o berço da sua cultura e da sua história, rejeitando
terminantemente a pretensão de independência , aceitando apenas uma autonomia alargada. As
eventuais tensões poderão conduzir à actuação da Polícia da ONU e da força de manutenção
de paz da OTAN - KFOR - que, conjuntamente, têm destacados nos território cerca de
16.000 efectivos. Recorda-se que a província do Kosovo é administrada pela ONU
desde 1999, depois de as forças da OTAN terem posto termo à repressão do regime de
Slobodan Milosevic contra a guerrilha separatista albanesa. Como é sabido, durante
a crise do Kosovo, em 1999, a Santa Sé interveio diversas vezes, a nível diplomático
e humanitário, para recordar os princípios que deveriam guiar as relações entre os
homens e os povos e para promover a assistência aos deslocados e refugiados, em conformidade
com os instrumentos internacionais em vigor. Sucessivamente, desejando apenas
favorecer a estabilidade e a coexistência pacífica, a Santa Sé apoiou activamente
uma abordagem que evitasse soluções impostas e encorajou negociações directas entre
Belgrado e Pristina, em vista de uma solução realista da questão, que respeitasse
as aspirações das partes interessadas.
No momento presente, a Santa Sé, fiel
à sua missão moral e espiritual, exercida também no campo internacional, convida todos,
em particular os responsáveis políticos da Sérvia e do Kosovo, à prudência e à moderação,
pedindo um empenho concreto para esconjurar reacções extremistas e desvios violentos
e para criar desde já os pressupostos de futuras vias de respeito, reconciliação e
colaboração.