Alerta da Caritas sobre a pobreza e o trafico de pessoas no Fórum Global Contra o
Tráfico de Pessoas das Nações Unidas
(15/2/2008) A confederação internacional da Cáritas deixou em Viena um alerta contra
os efeitos da pobreza extrema, que classificou como “o principal motor do tráfico
de pessoas”. A intervenção da Caritas Internationalis ocorreu na sessão de abertura
do Fórum Global Contra o Tráfico de Pessoas das Nações Unidas, que decorre na capital
da Áustria. “O tráfico de seres humanos é alimentado pela pobreza, que com frequência
é agravada pela injustiça e pela falta de oportunidades que fazem que as pessoas sejam
vulneráveis aos criminosos.” Para a rede de 162 agências católicas de assistência
humanitária e solidariedade, presente em 200 países, é fundamental “adoptar políticas
migratórias e económicas que reduzam a vulnerabilidade perante o tráfico e que, ao
mesmo tempo, enfrentem as raízes deste tráfico com uma acção decidida para alcançar
os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio”. “Combater o tráfico significa preservar
a dignidade humana, lutar contra a pobreza e promover e defender os direitos humanos.
Todos estes elementos se encontram no coração da missão e do trabalho da Cáritas”,
explica o documento que esta instituição enviou à assembleia. A organização católica
constata que o tráfico desses seres humanos acaba por reduzi-los escravos”com actos
criminosos que violam os direitos humanos básicos, a dignidade inviolável e a integridade
da pessoa humana”. “Na legítima busca de condições de vida dignas ou de sobrevivência,
milhares de pessoas, cada vez mais mulheres, deixam as suas comunidades e são atraídas
ou presas na escravidão”, alerta a Caritas Internationalis. Neste sentido, lança-se
um apelo “aos líderes do mundo, em particular aos das nações mais ricas, para que
honrem seus compromissos para combater a pobreza e para alcançar os Objectivos de
Desenvolvimento do Milénio”. “Estas promessas não cumpridas estão a gerar desespero
e uma desumanizante injustiça, que é o que o tráfico de pessoas e a escravidão significam”,
conclui a organização. De acordo com os dados da ONU, um total de 161 países são
afectados por este tipo de crime, seja como países de origem, trânsito ou destino
do tráfico de seres humanos. O Fórum de Viena reúne mais de mil especialistas
de todo o mundo, políticos, organizações não-governamentais e vítimas de tráfico humano,
com o objectivo de encontrar formas de combater este fenómeno que, segundo estimativas
da ONU, produz lucros que ultrapassam os 31 mil milhões de dólares anuais, mais de
21 mil milhões de euros. A Cáritas iniciou a rede ecuménica COATNET (Organizações
cristãs contra o tráfico) e está comprometida numa parceira com ordens religiosas
de todo o mundo, para travar este flagelo.