Papa autoriza início antecipado do processo de beatificação da Irmã Lúcia. O Bispo
de Leiria Fatima congratulou-se com esta decisão.
(15/2/2008) O anúncio oficial foi feito nesta Quinta-feira, no Carmelo de Santa Teresa,
em Coimbra, pelo Cardeal José Saraiva Martins. Na Eucaristia a que presidiu no terceiro
aniversário da morte da vidente de Fátima, o Prefeito da Congregação para as Causas
dos Santos revelou que o Papa (citamos), “tendo em conta numerosos pedidos vindos
de todo o mundo, dignou-se benevolamente conceder a dispensa de dois anos que foi
pedida por D. Albino Mamede Cleto, Bispo de Coimbra, permitindo assim que a causa
de beatificação e canonização da Irmã Lúcia, depositária das aparições de Fátima,
possa começar quanto antes”. Uma salva de palmas da assembleia sublinhou este
anúncio, aguardado com grande expectativa. D. José Saraiva Martins considerou uma
“grande honra” anunciar este facto “deveras importante, relativo ao processo de beatificação
e canonização da Irmã Lúcia dos Santos, Carmelita, conhecida em todo o mundo por ser
a mais velha dos Videntes de Fátima”. O Decreto da Congregação para as Causas
dos Santos que permite ao Bispo de Coimbra dar início “de imediato” ao processo, datado
de 3 de Fevereiro, revela que a decisão foi tomada após uma audiência particular com
o Papa, a 17 de Dezembro passado. As normas canónicas actualmente em vigor exigem
um período de espera de cinco anos após a morte, que fica assim reduzido em dois anos,
para o caso de Lúcia. Uma situação semelhante apenas acontecera, no passado recente,
com os processos de Madre Teresa de Calcutá e do Papa João Paulo II. É aos bispos
diocesanos que compete investigar sobre a vida, virtudes ou martírio e fama de santidade
ou de martírio, milagres aduzidos, e ainda, se for o caso, do culto antigo do Servo
de Deus, cuja canonização se pede. Este levantamento de informações é enviado à Santa
Sé. Se o exame dos documentos é positivo, o “servo de Deus” é proclamado “venerável”.
A segunda etapa do processo consiste no exame dos milagres atribuídos à intercessão
do “venerável”. Se um deste milagres é considerado autêntico, o “venerável” é considerado
“beato”. Quando após a beatificação se verifica um outro milagre devidamente reconhecido,
então o beato é proclamado “santo”. Em conversa com os jornalistas presentes
no Carmelo, D. José Saraiva Martins repetiu a sua convicção pessoal de que a Irmã
Lúcia era “uma Santa”. Quanto ao milagre necessário para o bom andamento da Causa,
o Cardeal português admite que “ainda não chegou a Roma nenhum caso”, mas mostrou-se
convencido de que o mesmo acontecerá, porque estamos na presença “de alguém que vivia
no mundo de Deus, no mundo da santidade”. Na celebração do Carmelo de Fátima,
completamente lotado, o Cardeal Saraiva Martins começou por afirmar que a Irmã Lúcia
foi a “grande protagonista dos acontecimentos da Cova da Iria” e convidou, na homilia,
a “levantar o nosso olhar para o Céu”, nesta “ocasião muito significativa”, para combater
a “amnésia da eternidade” que afecta a sociedade do nosso tempo. O Cardeal português
associou o convite à oração e à penitência feitos em Fátima à celebração do tempo
quaresmal, que se vive agora na Igreja, contra a “mobilidade e o consumismo” e a “perda
dos valores absolutos”. D. Albino Cleto, Bispo de Coimbra, manifestamente feliz
com esta novidade, revelou à Agência ECCLESIA que o "primeiro passo" ultrapassou as
suas expectativas, dado que além da dispensa, o Cardeal Saraiva Martins trouxe consigo
o decreto de abertura do processo. Agora, o prelado tem em mãos decisões processuais,
como a "escolha do postulador", sempre em consonância com as Irmãs do Carmelo. Para
D. Albino este dia "ficará para sempre" e consagra a relação de Lúcia com a cidade
de Coimbra, convidando os conimbricenses a "acompanharem os passos através dos quais
vamos pedir a Deus a bênção para este caminho". Também o bispo de Leiria Fátima
D. Antonio Marto se congratulou com esta decisão do Santo Padre: Este o depoimento
que concedeu à Rádio Vaticano.