2008-02-13 20:18:42

CARDEAL VANHOYE: NOVA ALIANÇA FUNDADA NO SANGUE DE JESUS NOS RENOVA E NOS COLOCA EM RELAÇÃO ÍNTIMA COM DEUS


Cidade do Vaticano, 13 fev (RV) - Os exercícios espirituais da Quaresma, iniciados neste domingo, na Capela Redemptoris Mater, da residência apostólica vaticana, na presença do papa e da Cúria Romana, chegam hoje a seu quarto dia. Nas duas meditações desta manhã, o pregador _ Cardeal Albert Vanhoye _ se deteve sobre o modo como a Carta aos Hebreus apresenta a promessa da Nova Aliança e sobre a página evangélica das bodas de Caná.

A Carta aos Hebreus _ ressaltou o cardeal _ estabelece uma estreita ligação entre o sacerdócio de Cristo e a Nova Aliança, da qual Jesus é mediador. O texto apresenta uma longa citação do oráculo de Jeremias, anúncio da Nova Aliança.

Reiteradamente, o povo de Israel foi infiel a Deus. E, no entanto, Deus envia Jeremias para anunciar uma Aliança realmente Nova, diferente da que foi feita com os pais _ explicou o purpurado francês. Deus quer fazer uma mudança radical. Uma Aliança que se fundamenta em quatro elementos.

"Primeiro aspecto: a nova aliança será interior e não exterior. Segundo aspecto: será uma relação de perfeita pertença recíproca entre Deus e o povo. Terceiro aspecto: não será uma instituição coletiva, será uma relação pessoal de cada um com Deus. Quarto aspecto: essa relação será fundada no completo perdão dos pecados." Portanto, uma transformação do coração.

No Sinai _ disse o cardeal _ Deus havia inscrito suas leis em tábuas de pedra, leis externas a serem observadas, mas que não mudavam o coração das pessoas. Era indispensável uma transformação interior e Deus a promete. Uma vez mudado o coração, instaura-se uma perfeita relação recíproca entre Deus e o povo.

A Nova Aliança se apresenta como uma situação diferente, sem mais necessidade de advertências. O oráculo abre perspectivas maravilhosas, mas não explica como essa extraordinária promessa de Deus poderá realizar-se.

"É o que nos revela, ao invés, Jesus, na última ceia, quando institui a Eucaristia. Jesus toma o cálice e diz: "Este é o meu sangue da aliança". A nova aliança deveria ser fundada no sangue, um sangue derramado, para a remissão dos pecados, segundo a promessa da nova aliança."

A Nova Aliança é, portanto, fundada no sangue de Jesus. Por isso, devemos tomar consciência dessa Aliança que nos renova completamente e nos coloca em relação profunda com Deus por meio de Cristo _ exortou o purpurado.

A segunda meditação foi dedicada às bodas de Caná, que se celebram justamente para estabelecer uma aliança _ afirmou. O purpurado recordou que a Aliança entre Deus e o Seu povo é apresentada no Antigo Testamento justamente como núpcias.

A idolatria, pelo contrário, é apresentada como uma infidelidade, um adultério do povo de Israel, como no episódio do bezerro de ouro. Todavia, também nos momentos mais trágicos, o Senhor não renuncia a seu projeto de união no amor e promete uma nova aliança.

Portanto, em Caná cumpre-se o milagre da transformação da água em vinho. Jesus dá início a seus sinais milagrosos e manifesta a sua glória. Mas qual é a glória de Jesus? _ pergunta-se o Cardeal Vanhoye, respondendo: É justamente a glória do esposo. É a glória do amor generoso que doa o vinho bom para realizar as núpcias.

Nessa página evangélica, ficamos impressionados com a figura de Maria _ acrescentou o Cardeal Vanhoye. A Mãe havia falado ao filho das dificuldades do esposo pela falta de vinho. E Jesus responde de uma maneira que revela a evolução de sua relação com a Mãe.

"Um comentário patrístico explica que agora não é mais a hora de Maria, isto é, o tempo no qual a Mãe deve conduzir o filho na vida, é a hora de Jesus, a hora na qual Jesus deve tomar a iniciativa e realizar o plano de Deus. Jesus não deve mais obedecer a Maria, deve assumir a sua missão de Messias."

Esse Evangelho nos coloca diante da escolha de duas atitudes espirituais opostas, a da docilidade de Maria e a de quem não quer aceitar nenhuma mudança de relação, proposta por Jesus.

O Cardeal Vanhoye concluiu a meditação com o convite de São Paulo, em sua Epístola aos Romanos, a nos transformarmos, renovando nossa mente. (RL/AF)







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