2008-02-12 14:27:19

Quaresma tempo de acolhimento da Ternura de Deus: Mensagem quaresmal do Bispo de Leiria-Fátima


(12/2/2008) “Eis agora o tempo favorável; eis o tempo da Salvação” (2 Cor 6, 1-2). A liturgia cristã propõe estas palavras do apóstolo S. Paulo para nos introduzir no caminho da Quaresma que nos prepara, pouco a pouco, ao longo de 40 dias, para celebrar a Páscoa da Ressurreição.
Para muitos, falar de Quaresma evoca, imediatamente, um conjunto de sacrifícios, jejuns e penitências a praticar como se fosse um tempo de tristeza. No entanto, à luz das palavras do apóstolo, somos convidados a olhá-lo, sobretudo, como um tempo especial de graça salvífica. A Quaresma é, antes demais, um dom a receber do que coisas a fazer, mesmo se estas também são necessárias.
É o próprio Deus que convida a Sua Igreja a fazer um “retiro no deserto” com Cristo, durante quarenta dias. É Ele mesmo que cuida da Sua Igreja e a submete a uma cura de rejuvenescimento e embelezamento. Oferece-lhe uma terapia espiritual de purificação, renovação e santificação. Nesta linha, a Quaresma é um tempo forte, tempo propício para cada um se reencontrar consigo mesmo, interrogar-se sobre a qualidade da sua vida cristã, pôr ordem na própria vida e pôr a vida em ordem, sair da mediocridade e, assim, responder ao chamamento de Deus à santidade, quer dizer, a uma vida espiritual de qualidade de filho de Deus.
Quaresma da Ternura de Deus: um “retiro popular”
Para nos abrirmos à acção de Deus e de Seu Espírito em nós e nos nossos corações o caminho da Quaresma é feito à maneira de um retiro espiritual, com tempos particulares de escuta da Palavra de Deus, de oração e meditação, de busca de reconciliação.
Para concretizar esta pedagogia da santidade, ousei lançar a proposta de, na Quaresma deste ano, se realizar na Diocese um grande “retiro popular”, isto é, acessível a todo o povo de Deus sobre o tema: “acolher, saborear e testemunhar a ternura de Deus”, em ordem a interiorizar a espiritualidade do acolhimento e da vocação, que constituem a temática do ano pastoral.
Com esta iniciativa queremos proporcionar a todos os fiéis a possibilidade de fazer um “retiro espiritual” na vida quotidiana, sem sair dos lugares e ocupações habituais, dedicando determinados momentos a essa finalidade na própria casa, nas igrejas ou noutros locais, em grupos ou em assembleias.
Para esse efeito já estão publicadas as meditações quaresmais sob a forma de leitura familiar e orante da Palavra de Deus (lectio divina), a partir de alguns textos bíblicos. Peço encarecidamente aos párocos e a todos os agentes pastorais nasparóquias o melhor empenho na sensibilização e na organização deste retiro.
Quaresma de partilha fraterna
Na pedagogia da santidade, o caminho de conversão quaresmal inclui também um estilo sóbrio de vida – é este o sentido do jejum e da abstinência – e a partilha solícita com as necessidades do mundo e da Igreja, como testemunho da ternura de Deus e expressão do amor fraterno.
Este aspecto concretiza-se na chamada “renúncia quaresmal” que cada fiel é chamado a fazer para partilhar os bens materiais com os mais necessitados.
O produto desta renúncia, na nossa diocese, será destinado à diocese de Karanganda no Cazaquistão. Assim correspondemos ao pedido de ajuda dirigida pelo Bispo D. Atanásio quando aqui esteve na peregrinação de 13 de Outubro passado. A Igreja Católica no Cazaquistão é minoritária e pobre, com grandes dificuldades económicas para construir e manter as estruturas necessárias tais como o Seminário e um Santuário dedicado a Nossa Senhora de Fátima.
Maria, Mãe da Ternura e Estrela da Esperança, ilumine os nosso passos no caminho quaresmal para sermos cada vez mais discípulos fiéis de Jesus Cristo.
Leiria, 4 de Fevereiro de 2008








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