Atentados em Timor Leste contra o Presidente da República e o Primeiro Ministro: decretado
o estado de sitio
(11/2/2008) Homens armados tentaram matar a noite passada, o presidente de Timor-Leste,
José Ramos Horta, e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, em dois ataques concertados.
O atentado contra a casa do presidente timorense, foi liderado pelo major Alfredo
Reinado, que foi morto no incidente. Cerca das 07:15 (23:45 em Roma), o primeiro-ministro
foi atacado a caminho de Díli. De acordo com um elemento da sua segurança, o tenente
Gastão Salsinha, um dos peticionários que abandonaram as forças armadas em 2006, comandou
o ataque a Xanana Gusmão, que saiu ileso. Já Ramos-Horta foi atingido por dois
tiros; depois de ser colocado em coma induzido, Ramos-Horta foi operado no hospitalar
militar australiano em Díli para lhe ser removida uma bala, que primeiro o atingiu
nas costas e depois no estômago. Estabilizado o seu estado de saúde, o líder timorense
foi transferido via área para a cidade australiana de Darwin, onde chegou, em estado
considerado grave mas estável, segundo as informações disponíveis. Na sequência
do duplo atentado de ontem contra as duas primeiras figuras do Estado Timorense, Xanana
Gusmão declarou, esta manhã, o estado de sítio em Timor Leste por um período inicial
de 48 horas com recolher obrigatório entre as 20h00 e as 6h00, segundo avança a mesma
rádio. Foi também suspenso o direito de livre circulação. O primeiro-ministro timorense
considerou, em declarações aos jornalistas, que os ataques contra si e contra o presidente
de Timor-Leste foram "cobardes" e foram dirigidos "contra as instituições de Estado". O
presidente do Parlamento Nacional timorense, que se encontra em Lisboa, vai regressar
imediatamente a Timor, não realizando a visita oficial a Portugal que se deveria iniciar
hoje. Por esta razão, o vice-presidente do Parlamento timorense, Vicente Guterres,
assumiu de forma interina a chefia de Estado. O Presidente da República Portuguesa,
Cavaco Silva, condenou hoje "veementemente" o ataque de que foi alvo o presidente
timorense, Ramos Horta, desejando-lhe um "rápido restabelecimento" e o seu regresso
o mais breve possível ao país. Cavaco Silva, que se encontra em León, Espanha,
onde hoje vai receber o doutoramento Honoris Causa pela universidade local, considerou
o atentado como um "ataque às instituições democráticas do jovem estado timorense". O
presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, condenou “nos termos
mais fortes” os atentados contra o Presidente e o primeiro-ministro de Timor-Leste,
assegurando ao povo timorense a “solidariedade” europeia. “Estou aliviado por o
Presidente Ramos-Horta ter sobrevivido a este ataque brutal contra ele e contra a
jovem democracia de Timor-Leste”, afirmou Durão Barroso em comunicado. “Nestas
horas difíceis, quero reafirmar ao povo de Timor-Leste a profunda solidariedade da
Comissão Europeia”, acrescentou Barroso, prometendo que os europeus continuarão a
“ajudar as instituições timorenses a consolidar a democracia e o Estado de direito”.