Apelos á solidariedade marcam inicio da Quaresma em Portugal
(11/2/2008) Em Portugal o tempo da Quaresma vive-se, em todas as comunidades paroquiais,
por entre apelos à conversão interior e à generosidade, que se traduz na chamada “Renúncia
Quaresmal”. A Igreja assume-se, nesta altura, como uma verdadeira família universal.
As dioceses de todo o país orientam as contribuições dos seus fiéis, de uma forma
geral, para duas finalidades: uma de âmbito diocesano e a segunda, como sinal de comunhão
com outras Igrejas, para necessidades eclesiais, culturais ou sociais fora da Diocese.
Além disso e dando cumprimento a uma deliberação tomada pela Conferência Episcopal
Portuguesa em Novembro de 2004 em relação a todas as Dioceses, 5% do montante recolhido
irá para o chamado “Fundo de Solidariedade Eclesial”, destinado a apoiar economicamente
as Igrejas mais pobres. A ideia de uma “renúncia” ou um donativo na Quaresma está
fortemente ligada à tradição do jejum e da esmola, práticas penitenciais associadas
a este tempo de preparação para a Páscoa. Cada fiel renuncia conscientemente e como
programa pessoal, para poder contribuir para causas da Diocese e da Igreja Universal
Mundo Lusófono As escolhas dos Bispos portugueses são sobretudo, direccionadas
para as Igrejas lusófonas, com uma ligação histórica muito forte ao nosso país. Diocese
de Viseu vai destinar a chamada "renúncia quaresmal" a dois projectos missionários
em países lusófonos, Cabo Verde e Angola. Trata-se da requalificação da Igreja Paroquial
de S. Miguel da Calheta, Diocese de Santiago, em Cabo Verde, nos 50 anos da sua construção,
onde trabalha o Pe. António Pereira Felisberto, da Diocese de Viseu. O outro projecto
é a "construção de um Centro para Catequese, na Diocese de Uije, em Angola, na Paróquia
de Nossa Senhora das Mercês", onde é pároco um antigo aluno do Seminário de Viseu,
Pe. João Lala. A renúncia quaresmal deste ano da diocese do Algarve irá reverter
a favor da paróquia de Nossa Senhora do Rosário, na diocese de Viana, em Angola, uma
jovem comunidade criada a 13 de Maio de 2004 e desde então confiada aos cuidados dos
missionários dehonianos. D. Jorge Ortiga apresentou aos fiéis da Diocese de Braga
as finalidades do contributo penitencial da Quaresma, habitual nesse tempo litúrgico,
que este ano se irá dirigir, entre outros destinos, para a igreja e a residência paroquial
de Bolama, Diocese de Bafatá, na Guiné-Bissau. Da Diocese das Forças Armadas e
de Segurança sairá ajuda para a Diocese de Sumbe (ex- Novo Redondo), em Angola, entregue
a um sacerdote da Sociedade Missionaria da Boa Nova. Este ano a renúncia quaresmal
dos cristãos da Diocese de Setúbal será para o Mosteiro de S. José em Fátima, para
o Seminário Diocesano de Bragança e para a Diocese de São Tomé e Príncipe. A Diocese
de Portalegre-Castelo Branco olha para Cabo Verde e Timor: "Em Cabo Verde, ajudaremos
a construir um Centro Social e Paroquial na Diocese de Santiago; e em Timor, patrocinaremos
o Seminário de Díli na aquisição de bibliografia básica e fundamental para a formação
dos mais de oitenta seminaristas de Filosofia e Teologia, que constituem uma autêntica
esperança para a Igreja. Sejamos generosos e lembremo-nos do que diz o povo: quem
dá aos pobres empresta a Deus", escreve D. José Alves. Cheias O Administrador
Apostólico de Évora, D. Maurílo de Gouveia, indica como destino do contributo dos
fiéis da Diocese “os irmãos de Moçambique, duramente atingidos pelas cheias, colaborando
directamente com a Cáritas daquele País”. Os católicos dos Açores são também chamados
a ajudar as famílias atingidas por estas cheias e o Seminário Teológico Interdiocesano
de S. Pio X (Maputo). No Funchal e em Beja, a renúncia quaresmal deste ano destina-se
igualmente às vítimas das cheias de Moçambique, sobretudo na diocese da Beira, "que
deixaram muitas famílias sem casa e muitas instituições sociais e eclesiásticas sem
possibilidade de funcionar e cumprir a sua acção junto dos mais pobres", como lembra
o Bispo de Beja. A renúncia dos fiéis de Viana do Castelo beneficiará também as
vítimas das cheias de Moçambique, bem como "a Casa Sacerdotal e as igrejas novas em
construção". Dentro de casa Em Lisboa, os resultados desta recolha
quaresmal destinam-se ao "Fundo Diocesano de Ajuda Inter-Eclesial", que procura responder
aos pedidos de ajuda que chegam de todo o mundo. "O dar a quem não se conhece
é expressão do silêncio que o Senhor aconselha a quem dá. Desses irmãos longínquos
e desconhecidos, não estamos à espera de nada em troca. Mas isto não nos dispensa
de estarmos atentos aos irmãos que vivem a nosso lado", diz D. José Policarpo na sua
mensagem. A solidariedade também tem lugar dentro de portas: a tradicional renúncia
quaresmal servirá este ano, na Diocese do Porto, para a constituição dum Fundo Social
Diocesano, destinado a colaborar com as iniciativas que “defenda e promovam a vida,
da concepção à morte natural”. Também o Funchal irá constituir um Fundo Social Diocesano.
“São vários os pedidos que me chegam para apoiar esta ou aquela acção sociocaritativa”,
reconhece D. Manuel Clemente, Bispo do Porto, na sua mensagem da Quaresma, apelando
à contribuição dos fiéis. O prelado aponta em especial “às carências graves de
subsistência ou realização profissional, aos problemas de integração social e económica
de muitos emigrantes, aos tráficos inomináveis de droga e prostituição”. A Igreja
de Aveiro destina a renúncia quaresmal deste ano "à Casa Sacerdotal, às Florinhas
do Vouga e à Diocese de Brejo no Maranhão, Brasil". Olhar para longe A
Diocese de Santarém reuniu, em 2007, 34 500 Euros, entregues à diocese de Bafatá,
Guiné-Bissau, e à de Lubango. Este ano, vai oferecer metade da renúncia quaresmal
para o projecto “Renascer para a esperança”, uma obra de promoção humana dos Padres
Vicentinos na diocese de Maputo, Moçambique. Outra metade segue para uma iniciativa
de evangelização dos Padres Combonianos na diocese de Rumbek, no Sudão. A renúncia
de Leiria-Fátima será destinada à diocese de Karanganda no Cazaquistão. "Assim correspondemos
ao pedido de ajuda dirigida pelo Bispo D. Atanásio quando aqui esteve na peregrinação
de 13 de Outubro passado. A Igreja Católica no Cazaquistão é minoritária e pobre,
com grandes dificuldades económicas para construir e manter as estruturas necessárias
tais como o Seminário e um Santuário dedicado a Nossa Senhora de Fátima", explica
D. António Marto