2008-02-09 15:53:12

Nem igualdade empobrecedora nem diferença abissal entre mulher e homem: o Papa no Congresso que celebra os 20 anos da "Mulieris dignitatem"


(9/2/2008 No que diz respeito à relação entre o homem e a mulher, há que evitar tanto “uma igualdade empobrecedora” como também “uma diferença conflitual”. Num tempo em que algumas “correntes culturais e políticas procuram eliminar, ou pelo menos ofuscar, as diferenças sexuais… é necessário recordar o projecto de Deus que criou o ser humano homem e mulher”. – Esta a advertência de Bento XVI, recebendo neste sábado de manhã no Vaticano os participantes no Colóquio “Mulher e homem – o humanum na sua inteireza”, promovido pelo Conselho Pontifício para os Leigos, nos 20 anos da Carta Apostólica “Mulieris dignitatem”, de João Paulo II.

O Papa começou por observar que “a relação homem-mulher, na respectiva especificidade, reciprocidade e complementaridade, constitui sem dúvida um ponto central da ‘questão antropológica’, tão decisiva na cultura contemporânea. Referindo a “grande riqueza teológica, espiritual e cultural” da Carta Apostólica do seu predecessor, Bento XVI fez notar que na ‘Mulieris dignitatem’, João Paulo II tratou de “aprofundar as verdades antropológicas fundamentais do homem e da mulher: a igualdade em dignidade e a unidade dos dois, a radicada e profunda diversidade entre masculino e feminino, e a sua vocação à reciprocidade e à complementaridade, à colaboração e à comunhão”.

“Esta unidade-dual do homem e da mulher baseia-se no fundamento da dignidade de cada pessoa, criada à imagem e semelhança de Deus, o qual ‘os criou homem e mulher’, evitando tanto uma uniformidade indistinta e uma igualdade rebaixada e empobrecedora, como também uma diferença abissal e conflitual.”

Impõe-se – advertiu ainda Bento XVI - “uma renovada investigação antropológica” que “incorpore os novos progressos da ciência e o dado das sensibilidades culturais do nosso tempo”:

“Perante correntes culturais e políticas que procuram eliminar, ou pelo menos ofuscar e confundir, as diferenças sexuais inscritas na natureza humana, considerando-as uma construção cultural, é necessário recordar o projecto de Deus, que criou o ser humano homem e mulher, com uma unidade e ao mesmo tempo uma diferença originária e complementar. A natureza humana e a dimensão cultural integram-se num processo amplo e complexo que constitui a formação da própria identidade, onde ambas as dimensões, feminina e masculina, se correspondem e completam”.

O Santo Padre não deixou de denunciar a “mentalidade machista” que subsiste por vezes ignorando “a novidade do cristianismo, que reconhece e proclama a igual dignidade e responsabilidade da mulher em relação ao homem”:

“Há lugares e culturas onde a mulher é discriminada ou depreciada pelo simples facto de ser mulher, onde se faz recurso até mesmo a argumentos religiosos e a pressões familiares, sociais e culturais para sustentar a disparidade dos sexos, onde se consumam actos de violência na pessoa da mulher, tornando-a objecto de maus tratos e de exploração na publicidade e na indústria do consumo e do divertimento”.

Neste contexto, o Santo Padre considerou urgente que os cristãos promovam uma cultura que reconheça à mulher, no direito e na realidade dos factos, a dignidade que lhe compete”.

A concluir, uma referência à “célula fundamental da sociedade”, a família, “comunidade de amor aberto à vida”, recordando uma vez mais que “o Estado deve apoiar com políticas sociais adequadas tudo o que promove a estabilidade e a unidade do matrimónio, a dignidade e a responsabilidade dos cônjuges, o seu direito e tarefa insubstituível de educadores dos filhos”.








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