2008-02-08 17:03:57

PRIMAZ ANGLICANO PROPÕE APLICAR ALGUNS ASPECTOS DA XARIÁ, PARA FAVORECER COESÃO


Londres, 08 fev (RV) - O primaz da Igreja Anglicana no Reino Unido Dr. Rowan Williams, arcebispo anglicano de Cantuária, desencadeou uma polêmica, nesta quinta-feira, ao afirmar que, no seu parecer, parece inevitável a introdução no país de alguns aspectos da xariá (a lei islâmica), para favorecer a coesão social.

A inusitada proposta do líder cristão mais respeitado da Grã-Bretanha permitiria que os muçulmanos resolvessem disputas conjugais ou financeiras segundo o Alcorão e não por meio das cortes civis.

Em declarações à Rádio 4 da BBC, o primaz anglicano disse não estar defendendo os aspectos mais radicais da xariá, que tem sido associada a punições físicas na Arábia Saudita e a violações dos direitos da mulher. "Ninguém mentalmente saudável" gostaria de ver isso _ declarou.

Ele recordou que já há exemplos na Grã-Bretanha, em que as leis religiosas de uma comunidade foram reconhecidas pela legislação geral, para justificar, por exemplo, casos de objeção de consciência. O arcebispo destacou que já existem no país, tribunais ortodoxos judeus.

O diretor da "Fundação Ramadhan", Mohammed Shafiq, saudou os comentários do arcebispo e os definiu como mais uma demonstração do esforço das duas crenças, para construir respeito e tolerância. Segundo ele, o uso da xariá reduziria as tensões na sociedade britânica, por dar aos muçulmanos a sensação de que sua fé é respeitada.

A xariá foi introduzida com êxito em alguns países ocidentais, como matéria de Direito Civil. Creio que os muçulmanos se sentiriam muito confortados, se o governo permitisse que alguns assuntos civis se resolvessem de acordo com a sua fé" _ disse Shafiq.

O porta-voz do primeiro-ministro Gordon Brown, repudiou a proposta de imediato. "O primeiro-ministro acredita que neste país deve ser aplicada a lei britânica, baseando-se em valores britânicos" _ disse Michael Ellam, admitindo, contudo, que se possam fazer concessões em certos casos, como no campo das finanças.

Ele recordou que o Executivo modificou a lei, para facilitar, por exemplo, as hipotecas islâmicas que, por seu especial mecanismo, tinham de pagar duas vezes o imposto sobre a compra, o que acontece mais. A idéia também foi rejeitada pela oposição. (CM/AF)







All the contents on this site are copyrighted ©.