PAPA FALA AO CLERO DE SUA DIOCESE SOBRE JOVENS, EVANGELIZAÇÃO E DESAFIOS DA EDUCAÇÃO
Cidade do Vaticano, 07 fev (RV) - "Ajudar-nos reciprocamente": esse foi o espírito
que animou o encontro da manhã desta quinta-feira, entre o Bispo de Roma, Bento XVI,
com os párocos e o clero diocesanos, na Sala das Bênçãos, no Vaticano.
Entre
os temas mais recorrentes, nas perguntas dos sacerdotes, estiveram a questão dos jovens,
a evangelização e o desafio educacional. A saudação ao pontífice, para esse já tradicional
encontro, foi dirigida pelo cardeal-vigário do papa para a Diocese de Roma, Camillo
Ruini, que ressaltou as muitas riquezas humanas e espirituais presentes na Diocese
de Roma.
O papa sublinhou a importância de que os sacerdotes saibam testemunhar
que "nós podemos realmente conhecer Deus, que podemos ser amigos d'Ele e caminhar
juntos com Ele".
Bento XVI indicou a importância da presença de Deus na educação.
Jamais basta uma formação profissional sem uma formação do coração, sem a presença
de Deus _ advertiu retomando a sua carta à Diocese de Roma.
Por outro lado
_ precisou _ é também um aspecto da formação cultural conhecer o Evangelho. Em seguida,
o papa se deteve sobre o período quaresmal. Num tempo tão inflacionado por imagens
e palavras precisamos dar espaço à Palavra de Deus, não basta somente um jejum do
corpo _ foi seu convite:
"Parece-me que o tempo da Quaresma poderia ser também
um tempo de jejum das palavras e das imagens, porque precisamos de um pouco de silêncio.
Precisamos de um espaço sem o bombardeio permanente das imagens (...) de criar-nos
espaços de silêncio e também sem imagens, para reabrir o nosso coração à imagem verdadeira
e à Palavra verdadeira."
Respondendo depois a um sacerdote indiano, que se
encontra em Roma há alguns anos, Bento XVI afrontou o tema da evangelização, retomando
a Nota sobre o tema, aprovada recentemente pela Congregação para a Doutrina da Fé.
Diálogo
significa respeito pelo outro _ reiterou. Mas essa dimensão do diálogo, tão necessária
_ precisou _ não exclui o anúncio do Evangelho, dom da Verdade que não podemos guardar
somente para nós mesmos, mas devemos oferecer também aos outros. Missão não é imposição,
mas é oferecer o dom de Deus deixando que a Sua bondade nos ilumine, do contrário,
faltaremos com um dever. Seríamos infiéis também nós se não propuséssemos a nossa
fé, mesmo respeitando a liberdade do outro.
Para nós _ dizem muitos não-cristãos
_ a presença do cristianismo nos ajuda mesmo não nos convertendo. Para Gandhi, por
exemplo, o Sermão da Montanha era um ponto de referência que formou toda a sua vida
_ recordou o papa. O trabalho missionário é fundamental. Diálogo e missão não se excluem
_ acrescentou _ mas, aliás, um evoca o outro.
Em seguida, o pontífice se deteve
sobre a importância dos Novíssimos (Escatologia), reconhecendo que talvez hoje na
Igreja se fale muito pouco do pecado, bem como do Paraíso e do Inferno. Também por
isso "eu quis falar do Juízo Universal na encíclica Spe Salvi (Salvos pela Esperança)
_ frisou Bento XVI.
Quem não conhece o juízo último, não conhece a possibilidade
da falência e a necessidade da redenção _ advertiu. Quem não trabalha pelo Paraíso,
não trabalha nem mesmo para o bem dos homens sobre a Terra _ enfatizou. Nazismo e
comunismo, que queriam mudar sozinhos o mundo, destruíram-no _ afirmou.
Em
seguida, o papa ressaltou o papel sempre mais significativo dos diáconos _ mais de
cem em Roma _ lembrando que devemos agradecer aos padres do Concílio Vaticano II se
a figura do diácono foi retomada em seu valor. Um ministério que representa uma ligação
entre o mundo leigo e o ministério sacerdotal _ ressaltou. (RL)