Bispos australianos favoráveis ao mea-culpa do governo relativamente aos aborígenes
Os bispos da Austrália aprovaram a intenção do governo federal de pedir desculpas
formais às "gerações roubadas" dos povos aborígenes, vítimas até há poucas décadas
atrás da política de assimilação forçada.
O novo primeiro ministro australiano,
Kevin Rudd, anunciou que a questão estará entre os primeiros pontos da agenda na abertura
do Parlamento, a 13 de Fevereiro. O presidente da Comissão episcopal para os
indígenas, Dom Barry James Hickey, arcebispo de Perth, comentou: "Essa decisão representa
um grande alívio para a maior parte dos australianos, aguardada há anos. Sobre essa
questão, o povo australiano foi muito mais previdente dos que seus líderes políticos.
O governo federal deveria expressar pesar pelos terríveis actos cometidos contra muitas
comunidades, apesar de não ter sido o único responsável".
Entre 1910 e 1972,
milhares de crianças aborígines foram tiradas à força de suas famílias e confiadas
a institutos estatais e religiosos. Na base desta política, havia a crença da superioridade
da raça branca. As Igrejas australianas nesses anos reconheceram a sua quota-parte
de responsabilidade, averiguada alguns anos atrás por uma Comissão de investigação.
Já o governo australiano foi mais reticente, até a chegada ao poder do novo primeiro-ministro
Rudd.
Alguns políticos temem que as desculpas oficiais possam levar ao pedido
de ressarcimento por parte das vítimas. Considerações que, segundo Dom Hickey, deveriam
ter um peso menor em relação ao dever moral da sociedade australiana de fazer as contas
com o próprio passado e ajudar as vítimas a reconstruir suas vidas.