2008-02-06 13:16:29

Quaresma: tema da audiência geral da quarta-feira de Cinzas. O Papa lançou um apelo sobre o Chade


Nesta quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma, foi naturalmente a este tempo litúrgico que Bento XVI dedicou a audiência geral desta semana, na Aula Paulo VI, do Vaticano, com a participação de uns cinco mil fiéis provenientes da Alemanha, Áustria, Espanha, França, Inglaterra, Suíça e também Portugal, e ainda dos Estados Unidos. O Papa evocou a preocupante situação em que se encontra o Chad, invocando o cessar das violência e solidariedade para o socorro humanitário às vítimas.

Ser cristãos realiza-se sempre como um novo tornarmo-nos cristãos: nunca é uma história concluída, mas um caminho que exige continuamente um novo exercitar-se” – sublinhou o Papa, falando da Quaresma que agora se inicia. Trata-se – recordou – de um “caminho de conversão”, de um “momento favorável” para “renovar o nosso abandono filial nas mãos de Deus e para pôr em prática o que Jesus continua a repetir-nos , exortando-nos a renegarmos a nós mesmos, tomando a sua cruz para O seguir”.

É na Cruz de Cristo, no amor que se dá a si mesmo, que renuncia à posse de si mesmo, que se encontra aquela profunda serenidade que é nascente de generosa dedicação aos irmãos, especialmente aos pobres e aos necessitados, e isto dá-nos também a alegria. E assim se avança pelo caminho do amor e da verdadeira felicidade”.

Bento XVI recordou as três práticas tradicionalmente propostas pela Igreja na Quaresma: oração, jejum e esmola. O Papa, que recordou ter dedicado precisamente à esmola a sua Mensagem Quaresmal deste ano, observou que a esmola não só ajuda os pobres mas ajuda também a quem partilha os seus bens levando-o a desapegar-se das riquezas materiais e a dedicar-se mais aos bens espirituais.

Referindo-se ao rito quaresmal do início deste tempo – a imposição das cinzas, nesta quarta-feira - Bento XVI evocou as duas formas propostas para esse momento (“Arrependei-vos e acreditai no Evangelho” e “Lembra-te que és pó e ao pó hás-de voltar”), observando que “constituem um apelo à verdade da existência humana: somos criaturas limitadas, pecadores sempre carecidos de penitência e de conversão”.

Presentes, nesta audiência geral, diversos grupos de peregrinos portugueses, aos quais o Papa dirigiu uma saudação especial, na nossa língua:

Queridos peregrinos de língua portuguesa, saúdo cordialmente a todos, nomeadamente os grupos das paróquias de Espinho e Ameal no Porto, de Nogueiró e Tenões em Braga, da diocese de Bragança-Miranda e ainda o Colégio Rainha Santa Isabel de Coimbra. De bom augúrio é este nosso encontro ao início da Quaresma, que a todos chama a uma conversão mais profunda, deixando-nos conquistar por Jesus e, com Ele, regressar aos braços de Deus, Pai terno e misericordioso. Aí temos a alegria que não morre; repletos da mesma, será impossível não transbordar como uma festa de Deus para os outros. Eu desejo a cada um de vós esta festa de Deus, deixando a Deus o tempo e o cuidado de insistir com os demais para que entrem na festa. Uma santa Quaresma!

A situação de confronto bélico que se vive no Chad mereceu uma referência especial do Papa, que pediu “oração e solidariedade” para as vítimas e exorta a que se ponha termo à violência:

Estou particularmente próximo das caras populações do Chad, abaladas por dolorosas lutas intestinas, que causaram numerosas vítimas e a fuga de milhares de civis da capital. Confio também à vossa oração e à vossa solidariedade estes irmãos e irmãs que sofrem. Peço que lhes sejam poupadas ulteriores violências e se lhes assegure a necessária assistência humanitária, ao mesmo tempo que dirijo um premente apelo a depor as armas e a percorrer o caminho do diálogo e da reconciliação.

Saudando, em inglês, uma delegação de líderes políticos provenientes do Líbano, do Iraque e da Jordânia, o Santo Padre assegurou a sua atenção e oração para “os esforços desenvolvidos para promover a reconciliação, a justiça e a paz na região” do Médio Oriente.

Nas saudações finais em italiano, dirigindo-se a um grupo de peregrinos vindos a Roma por ocasião dos 130 anos da morte do beato Pio IX, cuja memória litúrgica se celebra amanhã. Bento XVI louvou o “generoso empenho” com que tratam de “chamar a atenção sobre a figura e exemplaridade das virtudes deste grande pontífice que desempenhou com heróica caridade a missão de pastor universal da Igreja, tendo sempre como objectivo a salvação das almas”.

No seu longo pontificado, marcado por acontecimentos tempestuosos, ele procurou reafirmar com vigor as verdades da fé cristã perante uma sociedade exposta a uma progressiva secularização. O seu testemunho de indómito e corajoso servidor de Cristo e da Igreja constitui também hoje um luminoso exemplo para todos.

Bento XVI fez votos de que se possa “conhecer melhor o espírito e o rosto” deste seu predecessor, de tal modo que se possam “apreciar ainda mais (disse) a sua sapiência evangélica e a sua fortaleza interior”.








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