IGREJA NA AUSTRÁLIA APROVA PEDIDO DE PERDÃO DO GOVERNO AOS ABORÍGINES
Sydney, 06 fev (RV) - Os bispos australianos aprovaram a intenção do governo
federal de pedir desculpas formais às "gerações roubadas" dos povos aborígines, vítimas
_ até poucas décadas atrás _ da política de assimilação forçada.
O novo premier
trabalhista, Kevin Rudd, anunciou que a questão estará entre os principais pontos
da agenda do Parlamento, em sua abertura, no dia 13 de fevereiro.
O presidente
da Comissão Episcopal para os Indígenas, Dom Barry James Hickey, arcebispo de Perth,
comentou: "Essa decisão representa um grande alívio para a maior parte dos australianos,
aguardada há anos. Sobre essa questão, o povo australiano foi muito mais previdente
que seus líderes políticos. O governo federal deveria expressar pesar pelos terríveis
atos perpetrados contra muitas comunidades, apesar de não ter sido o único responsável."
De 1910 a 1972, milhares de crianças aborígines foram tiradas à força, de
suas famílias, e confiadas a institutos estatais e religiosos. Essa política se baseava
na crença da superioridade da raça branca.
As Igrejas australianas nestes
anos admitiram sua parte de responsabilidade, que foi averiguada alguns anos atrás,
por uma Comissão de Investigação. O governo australiano, todavia, foi mais reticente,
até a chegada ao poder do novo premier, Rudd.
Alguns políticos temem que as
desculpas oficiais possam levar as vítimas a entrarem com pedidos de ressarcimento.
Tais considerações, segundo Dom Hickey, deveriam representar um peso menor em relação
ao dever moral da sociedade australiana de fazer as contas com o próprio passado e
ajudar as vítimas a reconstruir suas vidas. (BF/AF)