SECULARIZAÇÃO MINA VALORES CRISTÃOS NA COSTA RICA: DESAFIO DOS BISPOS DO PAÍS EM VISITA
"AD LIMINA"
Cidade do Vaticano, 04 fev (RV) - Um país que conheceu o Evangelho há 450 anos
_ foi um franciscano o primeiro anunciador _ mas que hoje está perdendo a memória
de seus antigos valores cristãos, pressionado pela secularização. Trata-se da Costa
Rica, pequeno Estado centro-americano localizado entre os oceanos Atlântico e Pacífico.
A
partir de hoje, os bispos costa-riquenhos estão em visita "ad Limina". Bento XVI recebeu
em audiência, na manhã desta segunda-feira, no Vaticano, um primeiro grupo.
Com
mais de 80% de seus quatro milhões de habitantes de fé católica, a Costa Rica está
enfrentando _ como muitas outras nações latino-americanas _ a longa onda do relativismo
religioso, que mina os fundamentos da dignidade humana em sentido cristão, a partir
do respeito pela vida. É o que confirma o presidente da Conferência Episcopal local,
Dom Francisco Ulloa Rojas, bispo de Cartago, entrevistado pela Rádio Vaticano:
Dom
Francisco Ulloa Rojas:- "A primeira preocupação para nós, bispos, é o avanço do
secularismo na Costa Rica: notamos uma sociedade sempre mais indiferente ao fato religioso,
e a coisa mais preocupante para nós é que essa indiferença é difusa, sobretudo, entre
os jovens. Outro aspecto que nos preocupa é a família: a família sempre foi um fator
determinante de unidade e integração na Costa Rica, mas nos últimos anos, tem-se desagregado,
e parece não ser mais aquele âmbito de transmissão dos valores da fé que tem sido
até hoje. Isso apresenta o problema de como dar uma educação cristã às crianças, tarefa
primeiro confiada à família. Além disso, outra preocupação fundamental para nós é
como evangelizar esses areópagos aos quais parece não chegar a mensagem cristã: os
ambientes intelectuais, as universidades, os meios de comunicação social, os comunicadores
e os artistas, ambientes nos quais se está perdendo hoje o sentido cristão."
P.
Em sua última plenária os bispos falaram da desagregação da família e expressaram
preocupação por algumas orientações políticas contrárias à vida. Nesse âmbito, em
que direção estão se movendo as opções políticas na Costa Rica?
Dom
Francisco Ulloa Rojas:- "Efetivamente, seguimos com atenção algumas propostas
de lei apresentadas à Assembléia Legislativa, que são contrárias à vida, como as que
se referem à pílula do dia seguinte ou ao próprio aborto. Registram-se esforços para
mudar o artigo 21 da Constituição, que defende a vida desde a sua concepção até a
morte natural. Nós, como bispos, estamos unidos contra esses ataques e esperamos que
a Assembléia siga os princípios éticos da Igreja."
P. O senhor acredita
que _ de certo modo _ a educação católica esteja ameaçada na Costa Rica?
Dom
Francisco Ulloa Rojas:- "Na Costa Rica há fortes impulsos à secularização que
querem marginalizar a dimensão religiosa, confinando-a à esfera privada, e que atuam
para que se elimine o artigo da Constituição que atribui à Igreja o direito de ensinar
a educação católica nas escolas. Outras comunidades religiosas estão reivindicando
o mesmo direito. O governo continua mantendo o ensino obrigatório da religião católica,
porque é previsto pela Constituição. De fato, há o perigo e o risco de que prevaleçam
aquelas correntes que gostariam de aboli-la em todos os institutos educativos, mas
nós estamos lutando para defender esse direito."
P. À luz da V Conferência
Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe _ de 13 a 31 de maio do ano passado,
em Aparecida _ e do mandato da "Missão Continental", quais são os planos pastorais
do Episcopado?
Dom Francisco Ulloa Rojas:- "Estamos estudando como
realizá-la (a missão continental) em cada diocese e em nível nacional é a nossa maior
preocupação _ e cremos que seja esse o sentido de tal missão _ é como alcançar os
que se encontram distantes da Igreja. Trata-se de uma missão permanente, que deve
envolver os leigos: temos muitos leigos engajados e formados para isso." (RL/AF)