TRABALHO ESCRAVO E IMPUNIDADE PERSISTEM NO BRASIL SEGUNDO RELATÓRIO DA ONG "HUMAN
RIGHTS WATCH"
Cidade do Vaticano, 1º fev (RV) - O relatório anual de direitos humanos divulgado
nesta quinta-feira, pela organização não-governamental Human Rights Watch afirma
que a libertação de aproximadamente 26 mil pessoas que estariam trabalhando em condições
análogas à escravidão no Brasil, desde 1995, não foi suficiente para erradicar esse
tipo de delito. E até agosto do ano passado, ninguém havia sido punido por manter
pessoas em estado semelhante à escravidão.
Com base em dados do Ministério
do Trabalho, a Human Rights Watch afirma que, só no período de janeiro a agosto
de 2007, 3,4 mil pessoas foram encontradas trabalhando em condições análogas à escravidão.
A ONG destaca que a Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Igreja Católica, que defende
os direitos dos trabalhadores rurais, alega receber aproximadamente 300 denúncias
de trabalho forçado por ano. O governo investigaria apenas a metade dessas denúncias,
ao que parece.
Os relatos indicam a morte de 39 pessoas em conflitos rurais
no país, em 2006. O documento também destaca que muitos missionários foram obrigados
a deixar o estado de Mato Grosso, em virtude das ameaças de proprietários de terras.
Apesar das críticas, a organização elogia o julgamento dos assassinos da missionária
Dorothy Stang, assassinada em 2005. Dois dos três imputados pelo crime foram condenados
a penas superiores a 20 anos de reclusão.
"Grupos indígenas e trabalhadores
sem terra enfrentam ameaças, ataques violentos e assassinatos, em conseqüência de
disputas de terras, nas áreas rurais" _ denuncia o relatório.
No ano passado,
dois indígenas foram assassinados no Mato Grosso do Sul, supostamente por milicianos
que trabalhavam para proprietários de terras, de acordo com o Conselho Indigenista
Missionário (CIMI). Outro crime citado no relatório é o assassinato de um integrante
do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, em Goiás, por duas pessoas não identificadas.
(CM/AF)