2008-01-28 19:50:09

BENTO XVI A CONGRESSO INTERACADÊMICO: QUE "TODO PROGRESSO CIENTÍFICO SEJA TAMBÉM PROGRESSO DE AMOR"


Cidade do Vaticano, 28 jan (RV) - A identidade do homem, em relação com o Seu Criador, e o progresso científico foram os temas centrais do discurso que Bento XVI proferiu, esta manhã, na Sala dos Papas, no Vaticano, na audiência aos participantes do congresso sobre "A identidade mutável do indivíduo", promovido pela Academia das Ciências de Paris e pela Pontifícia Academia das Ciências. A saudação ao Santo Padre foi feita pelo chanceler da instituição científica parisiense, Gabriel de Broglie.

"Em nossa época, na qual o desenvolvimento das ciências atrai e seduz pelas possibilidades que oferece, é importante, mais do que nunca, educar as consciências dos nossos contemporâneos, a fim de que a ciência não se torne o critério do bem": foi a exortação de Bento XVI que, em seu discurso, reiterou que o homem deve ser "respeitado como o centro da criação".

Que o homem _ foi sua exortação _ "não seja objeto de manipulações ideológicas, nem de decisões arbitrárias, nem do abuso dos mais fortes sobre os mais fracos". Ainda mais _ ressaltou _ diante dos "perigos cujas manifestações conhecemos, ao longo da história humana e, em particular, no século XX".

Todo desenvolvimento científico _ disse o pontífice _ deve também ser um progresso de amor, chamado a colocar-se a serviço do homem e da humanidade. Amor do qual Jesus é modelo por excelência. No momento em que as "ciências exatas, naturais e humanas" alcançaram prodigiosos progressos sobre o conhecimento do homem e do universo _ acrescentou _ é preciso fugir da tentação de "circunscrever totalmente a identidade do homem", que tem "um mistério próprio".

"Nenhuma ciência _ afirmou _ pode dizer quem é o homem, de onde vem e para onde vai."

O homem _ argumentou Bento XVI _ "é sempre além daquilo que se vê e se percebe mediante a experiência". Ignorar a pergunta sobre o ser homem _ advertiu _ "leva, inevitavelmente, a refutar a pesquisa objetiva sobre o ser na sua integralidade". Conseqüentemente, "não se é mais capaz de reconhecer os fundamentos sobre os quais repousa a dignidade do homem, de todo homem, do estado embrionário à morte natural".

Nessa pesquisa _ constatou _ a filosofia e a teologia podem ajudar "a perceber a identidade do homem que está sempre em evolução no tempo".

"O homem não é fruto do acaso _ advertiu o papa _ nem de um feixe de convergências e determinismos, e nem mesmo de interações físico-químicas." O homem é um ser que goza de uma liberdade que, ao considerar sua natureza, transcende esta última. Uma liberdade que é "sinal" do mistério da alteridade que distingue essa natureza. Como ressaltava Blaise Pascal _ enfatizou o pontífice _ "o homem supera infinitamente o homem". O mistério do homem é "sinal da alteridade". O homem é criado por Deus, "é amado e feito para amar".

Enquanto homem _ reiterou _ ele jamais está "fechado em si mesmo", mas é portador da alteridade e, desde as suas origens, está em interação com outros seres humanos. A liberdade, "própria do ser humano" _ prosseguiu _ faz com que os homens "possam orientar sua vida rumo a uma finalidade". Mediante os atos que pratica _ acrescentou _ "o homem pode dirigir-se rumo ao bem ao qual é chamado pela eternidade". É essa liberdade que dá um sentido à existência do homem.

"No exercício da sua liberdade autêntica, a pessoa realiza a sua vocação" e "dá forma à sua identidade profunda". Sempre no exercício dessa liberdade _ observou _ o homem "exerce a sua responsabilidade".

Nesse sentido _ frisou _ "a dignidade particular do ser humano é, ao mesmo tempo, um dom de Deus" e uma promessa de futuro. O homem _ disse _ porta consigo uma capacidade específica, colocada nele por Deus "como um sigilo": "discernir o bem".

Movido por essa capacidade, "o homem é chamado a desenvolver a sua consciência", a conduzir a sua existência "fundamentando-a nas leis essenciais: a lei natural e a lei moral".

Bento XVI concluiu seu discurso, com votos aos cientistas, de que sigam as pegadas de Santo Tomás de Aquino _ cuja memória se celebra hoje _ na busca da verdade. (RL/AF)







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