2008-01-26 11:56:29

O autêntico ecumenismo tem as suas raízes na oração: Bento XVI na conclusão da Semana da Unidade


(25/1/2008) Não existe um ecumenismo genuíno que não tenha as suas raízes na oração”: recordou Bento XVI, nas Vésperas a que presidiu, sexta-feira à tarde na basílica de São Paulo fora de muros, na conclusão da Semana de oração pela unidade dos cristãos. A homilia do Papa centrou-se na figura do Apóstolo Paulo, “escolhido por Deus para ser sua testemunha perante todos os homens”. Entre os presentes, o cardeal Walter Kasper, presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos, e o doutor Samuel Kobìa, secretário geral do Conselho Ecuménico das Igrejas, de Genebra.
De Paulo de Tarso, o Papa recordou “a completa transformação, uma autêntica conversão espiritual” que o tornou de um momento para o outro, “cego mergulhado na escuridão, mas com uma grande luz no coração”, que o levaria a ser um ardente apóstolo do Evangelho. São Paulo, porém – observou ainda o Pontífice – tinha consciência de que só a graça divina tinha podido realizar tal conversão. Um ensinamento que ainda hoje assume um significado muito particular:

“Na conclusão da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, temos ainda mais consciência de quanto a obra da reconstução da unidade, que exige aliás todas as nossas energias e esforços, é em todo o caso infinitamente superior às nossas possibilidades. A unidade com Deus ecom os nossos irmãos e irmãs è um dom que vem do Alto, que brota da comunhão de amor entre Pai, Filho e Espírito Santo e que nela se dilata e aperfeiçoa. Não está ao nosso alcance decidir quando ou como esta unidade se realizará plenamente. Só Deus o poderá realizar! Como São Paulo, também nós colocamos a nossa esperança e confiança ‘na graça de Deus que está connosco’.”

Actual é também – prosseguiu Bento XVI – o convite dirigido por São Paulo aos Tessalonicenses, aquele ‘Rezai continuamente’ escolhido como tema da Semana de oração deste ano. Em que é que se tornaria o movimento ecuménico – interrogou-se o Papa – sem a oração? Onde se poderia encontrar o indispensável “impulso suplementar” de fé, caridade e esperança? Daqui a exortação a desejar constantemente a unidade dos cristãos:

“O nosso desejo de unidade não se deveria limitar a ocasiões esporádicas, mas sim tornar-se parte integrante de toda a nossa vida de oração. Em todas as fases da história, foram homens e mulheres formados na Palava de Deus e na oração os artesãos da reconciliação e da unidade Foi o caminho da oração que abriu a estrada ao movimento ecuménico, tal como o conhecemos hoje”.


“Não esiste ecumenismo genuíno que não lance as suas raízes na oração”, prosseguiu o Santo Padre, evocando algumas figuras-símbolo da Semana de Oração, como o Papa Leão XIII, que já em 1895 recomendava a introdução de uma novena de oração pela unidade dos cristãos, ou ainda o Padre Paulo Wattson, que há cem anos ideou o Oitavário pela Unidade da Igreja. Uma iniciativa retomada e relançada depois, no século XX, pelo Padre Paul Couturier, de Lyon.

Demos graças a Deus pelo grande movimento de oração que, desde há cem anos, acompanha e sustenta os crentes em Cristo na sua busca da unidade. A barca do ecumenismo nunca teria saído do porto, se não tivesse sido impulsionada por esta ampla corrente de oração e pelo sopro do Espírito Santo”.

A conversão, a cruz e a oração: são estes os três elementos sobre os quais se realiza a busca da unidade – prosseguiu Bento XVI, citando João Paulo II. Elementos que fundaram também a vida e o testemunho da Irmã Maria Gabriela da Unidade, religiosa trapista beatificada pelo Papa Wojtyla a 25 de Janeiro de 1983, há 25 anos, portanto. Ela “não hesitou em decidar a sua jovem existência a esta grande causa”.

“Ontem como hoje, o ecumenismo tem grande necessidade do grande ‘mosteiro invisível’ de que falava o Padre Couturier, daquela vasta comunidade de cristãos de todas as tradições, que, sem clamor, rezam e oferecem a sua vida para que se realize a unidade”.

A concluir, o Santo Padre recordou que a 28 de Junho próximo terãá lugar a abertura do Ano Paulino, dedicado ao apostolo de Tarso e ao seu “incansável fervor em construir o Corpo de Cristo na unidade”.







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