2008-01-24 20:21:12

MEDIA NA ENCRUZILHADA ENTRE PROTAGONISMO E SERVIÇO: MENSAGEM DO PAPA PARA DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS


Cidade do Vaticano, 24 jan (RV) - Os meios de comunicação devem estar a serviço do homem e não serem megafones do materialismo econômico e do relativismo ético, verdadeiras pragas do nosso tempo: é o que afirma o papa, em sua mensagem para o 42º Dia Mundial das Comunicações Sociais, a ser celebrado no dia 4 de maio próximo. O tema é "Os media: na encruzilhada entre protagonismo e serviço. Procurar a Verdade para compartilhá-la."


A mensagem foi apresentada na manhã desta quinta-feira, na Sala de Imprensa da Santa Sé, em coincidência com a memória litúrgica de São Francisco de Sales _ padroeiro da imprensa católica _ pelo presidente e secretário do Pontifício Conselho das Comunicações Sociais, respectivamente, Dom Claudio Maria Celli e Mons. Paul Tighe.

"A humanidade se encontra hoje, diante de uma encruzilhada" _ escreve o pontífice: os meios de comunicação, em função do progresso, oferecem inéditas possibilidades para o bem, mas abrem, ao mesmo tempo, possibilidades abissais de males que antes não existiam.

De fato, graças a uma vertiginosa evolução tecnológica, esses meios adquiriram potencialidades extraordinárias: é inegável _ afirma o papa _ a contribuição deles para a alfabetização, o desenvolvimento da democracia e para o diálogo entre os povos.

Todavia _ acrescenta _ não devem ser somente meios para a difusão das idéias, mas também instrumentos a serviço de um mundo mais justo e solidário. Há, ao invés, "o risco de que eles se transformem... em sistemas voltados a submeter o homem a lógicas ditadas pelos interesses dominantes do momento".

"É o caso de uma comunicação usada para fins ideológicos ou para a venda de produtos de consumo, mediante uma publicidade obsessiva. Com o pretexto de se apresentar a realidade, s tende, de fato, a legitimar e a impor modelos errados de vida pessoal, familiar ou social.

Além disso, para atrair os ouvintes, o chamado índice de audiências, por vezes não se hesita em recorrer à transgressão, à vulgaridade e à violência. Existe, enfim, a possibilidade de serem propostos e defendidos, através dos media, modelos de desenvolvimento que, ao invés de reduzir, aumentam o desnível tecnológico entre países ricos e pobres."

Por isso, há que interrogar-se se é sensato deixar que os instrumentos de comunicação social se ponham a serviço de um protagonismo indiscriminado ou acabem nas mãos de quem se serve deles para manipular as consciências. Eles devem, ao invés, permanecer "a serviço da pessoa e do bem comum".

Bento XVI evidencia uma reviravolta, aliás, uma verdadeira transformação de papel dos meios de comunicação que suscita a preocupação da Igreja: "Hoje, de modo sempre mais acentuado, a comunicação parece, às vezes, ter a pretensão não só de apresentar a realidade, mas também de determiná-la, graças à capacidade e força de sugestão que possui. Constata-se, por exemplo, que, em certos casos, os media são utilizados, não para um correto serviço de informação, mas para "criar" os próprios acontecimentos."

A seguir, o papa ressalta que, por sua incidência sobre as consciências, os instrumentos da comunicação social assumiram um papel importante, no que define como o "desafio crucial do terceiro milênio", ou seja, "a questão antropológica".

De fato, está em jogo a dimensão constitutiva do homem: a vida humana, o matrimônio, a família, a paz, a justiça, e a salvaguarda da criação.

E "quando a comunicação perde as amarras éticas e se esquiva do controle social, acaba por deixar considerar a centralidade e a dignidade inviolável do homem, arriscando-se a influir negativamente sobre sua consciência, sobre suas decisões, e a condicionar em última análise, a liberdade e a própria vida das pessoas. Por esse motivo, é indispensável que as comunicações sociais defendam ciosamente a pessoa e respeitem plenamente sua dignidade".

Nesse contexto, o pontífice ressalta a necessidade de uma "infoética", tal como existe a bioética no campo da Medicina e da pesquisa científica relacionada com a vida: "É preciso evitar que os media se tornem megafones do materialismo econômico e do relativismo ético, verdadeiras pragas do nosso tempo. Pelo contrário, eles podem e devem contribuir para dar a conhecer a verdade sobre o homem, defendendo-a face àqueles que tendem a negá-la ou a destruí-la. Pode-se mesmo afirmar que a busca e a apresentação da verdade sobre o homem constituem a vocação mais sublime da comunicação social."

Trata-se de "uma tarefa grandiosa" _ prossegue o papa _ confiada, em primeiro lugar, aos responsáveis e operadores do setor. Mas tal tarefa, de certo modo, diz respeito a todos nós, porque todos, nesta época da globalização, somos usuários e operadores de comunicações sociais.

"O homem tem sede de verdade, anda à procura da verdade; demonstram-no particularmente a atenção e o sucesso registrados por muitas publicações, programas ou filmes de qualidade, onde são reconhecidas e bem apresentadas a verdade, a beleza e a grandeza da pessoa, incluindo sua dimensão religiosa. Jesus disse: "Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará" (Jo 8, 32). A verdade que nos torna livres é Cristo, porque só Ele pode corresponder plenamente à sede de vida e de amor que está no coração do homem."

Bento XVI conclui sua mensagem para o 42º Dia Mundial das Comunicações Sociais com um auspício: Que "não faltem comunicadores corajosos e testemunhas autênticas da verdade... fiéis ao mandato de Cristo e apaixonados pela mensagem da fé". (RL/AF)







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