SARKOZY IRRITA LEIGOS COM SUAS EXPRESSÕES SOBRE RELIGIÃO
Paris, 21 jan (RV) - A oposição de esquerda na França voltou a criticar, nos
dias passados, as declarações do presidente Nicolás Sarkozy, sobre religião e laicidade.
O
presidente francês afirmou, justificando-se, não ter desejado fazer "apologia de nenhuma
religião, de nenhum culto", referindo-se ao fato de ter exaltado, dias antes, de forma
inédita para um presidente francês, os "valores cristãos" da França e o papel da religião,
em suas visitas a Roma e à Arábia Saudita.
Dizer que "a França, no mais profundo
de sua história, tem raízes cristãs (...), não é fazer apologia de nenhuma religião,
de nenhum culto" _ disse Sarkozy, dirigindo-se a Sens, sudeste de Paris.
Mais
tarde, em discurso proferido diante de diplomatas, Sarkozy explicou que o principal
desafio do mundo no século XXI será, juntamente com a questão do clima, "o retorno
do religioso à maior parte de nossas sociedades". "É uma realidade, e só os sectários
não a vêem" _ sublinhou.
Em seu encontro com Bento XVI, no Vaticano, Sarkozy
havia desencadeado a ira dos defensores do princípio da laicidade, considerado um
dos "pilares da república" francesa.
Em Riad, Arábia Saudita, o presidente
francês evocara "Deus que não escraviza o homem mas que o libera" e "Deus que é a
proteção contra o orgulho desmesurado e a loucura dos homens".
Sarkozy teve
o cuidado de precisar, na última sexta-feira, dia 18, que não tinha a intenção de
"modificar os grandes equilíbrios" da lei de 1905 que instaurou a separação entre
Igreja e Estado, na França. (AF)