CARDEAL RUINI: ANGELUS DE DOMINGO NÃO SERÁ COMÍCIO. REITOR DA "LA SAPIENZA" RENOVA
CONVITE AO PAPA
Cidade do Vaticano, 18 jan (RV) - "O Angelus do próximo domingo "não será um
comício". Vai ser o que é, ou seja, uma oração. Quem o interpretar de outro modo,
se engana": assim, o cardeal vigário do papa para a Diocese de Roma, Camillo Ruini,
esclarece, através das páginas do jornal vaticano, "L'Osservatore Romano", as razões
e o espírito do convite feito aos fiéis, para participem do Angelus de domingo. "Um
evento _ explica o cardeal _ que, por sua natureza, não pode ser interpretado como
manifestação política."
"Será um ato de afeto e de serenidade" _ afirma, acrescentando
que o convite "não se dirige a alguém em particular, e não é um protesto pelo cancelamento
da visita do papa à Universidade "La Sapienza". É um gesto que quer expressar o sentimento
profundo dos romanos e da grande maioria da comunidade universitária de Roma, da "La
Sapienza" assim como de outros Ateneus que, certamente, estão solidários com o pontífice,
e são muito abertos à pastoral."
Segundo o Vicariato de Roma, "o tom do encontro
com o Santo Padre será o típico do Angelus: um tom de escuta da palavra do papa, de
oração e de expressão do desejo de nosso povo de sentir, de ouvir o papa, vê-lo e
estar com ele".
A decisão do papa de não ir à Universidade foi tomada na terça-feira,
em virtude dos protestos de um grupo de estudantes e professores. A polêmica se baseia
num discurso proferido em 1990, pelo então Cardeal Ratzinger, no qual ele citava um
filósofo, dizendo que o julgamento da Igreja contra Galileu Galilei no século XVII
fora "racional e justo".
Entretanto, o magnífico reitor da "La Sapienza",
Renato Guarini, anunciou que voltará a convidar Bento XVI para visitar a instituição
acadêmica. "Farei um novo convite ao papa" _ disse, após a cerimônia de inauguração
do ano acadêmico 2007-2008. O reitor afirma que, com este gesto, quer interpretar
o desejo da maioria da comunidade acadêmica da Universidade.
Na cerimônia inaugural,
nesta quinta-feira, um professou leu o discurso preparado pelo papa para a visita.
"Todo tipo de veto ideológico é inaceitável. Todo mundo tem de ter espaço e ser respeitado,
seja qual for sua opinião" _ disse o reitor Guarini. Um longo aplauso acolheu a leitura
do discurso escrito pelo pontífice. Estavam presentes o ministro italiano da Educação,
Fabio Mussi, e o prefeito de Roma, Walter Veltroni.
Enquanto isso, fora e dentro
da Universidade, verificaram-se diversas manifestações de protesto. Tropas de choque
acompanharam de perto a passeata pacífica. Apesar da chuva, os estudantes caminharam
com faixas com os dizeres "Liberdade para a Universidade", e slogans condenando a
interferência da Igreja em questões como o aborto, os direitos dos homossexuais e
a eutanásia.
O bispo auxiliar da Diocese de Roma, Dom Enzo Dieci, foi bloqueado
pelos manifestantes fora da Universidade, e impedido de celebrar a missa na capela
universitária. (CM/AF)