AUDIÊNCIA GERAL: PAPA LEMBRA SACERDOTES QUE PERMANECEM AO LADO DOS FIÉIS EM DIFICULDADES
Cidade do Vaticano, 16 jan (RV) - "O cristão não deve abater-se, mas atuar
para ajudar quem se encontra necessitado": foi a mensagem que Bento XVI dirigiu, na
Audiência Geral desta quarta-feira, na Sala Paulo VI, no Vaticano, aos fiéis e peregrinos
presentes, recordando as dificuldades que Santo Agostinho, bispo de Hipona, em idade
avançada, teve que afrontar, quando os godos invadiram o norte da África.
Ao
término da audiência, o Santo Padre convidou toda a Igreja a pedir a Deus "o dom da
unidade entre todos os discípulos do Senhor", por ocasião da Semana de Oração pela
Unidade dos Cristãos que, aqui na Europa, terá início na próxima sexta-feira. Bento
XVI saudou com afeto os universitários presentes na audiência, que gritavam seu nome.
"Quando
o perigo é comum para todos, isto é, para bispos, clérigos e leigos, os que precisam
dos outros não devem ser abandonados por aqueles de que necessitam": assim escrevia
o então ancião bispo de Hipona "ao bispo de Tiabe, Onorato, que lhe havia perguntado
se, com a iminente invasão dos bárbaros, um bispo ou um sacerdote, ou qualquer homem
de Igreja, podia fugir, para salvar a vida".
Na segunda catequese dedicada
ao grande Padre da Igreja, Bento XVI falou dos compromissos que caracterizaram os
últimos anos de vida do prelado africano, anos também "de extraordinária atividade
intelectual", nos quais "concluiu obras importantes, iniciou outras não menos árduas,
manteve debates públicos com os hereges, e interveio para promover a paz nas províncias
africanas insidiadas pelas tribos bárbaras do sul".
O pontífice citou também,
a sugestão que Agostinho deu a seus irmãos no Episcopado, para que os cristãos pudessem
receber conforto nas dificuldades: "Não sejam abandonados por aqueles que têm o dever
de assisti-los com o sagrado ministério, de modo que ou se salvem juntos, ou juntos
suportem as calamidades que o Pai de família queira que sofram... Essa é a prova suprema
da caridade." Como não reconhecer, nessas palavras, a heróica mensagem que tantos
sacerdotes, ao longo dos séculos, acolheram e fizeram sua? _ disse o pontífice.
O
papa recordou o que Agostinho escreveu ao Conde Dario, que se encontrava na África
para resolver algumas divergências: "O maior título de glória é, justamente, ceifar
a guerra com a palavra, ao invés de ceifar os homens com a espada, e procurar manter
a paz com a paz e não com a guerra."
O bispo de Hipona preparou-se para a morte
com a oração e a penitência _ disse ainda o Santo Padre _ e seu grande coração repousou
em Deus no dia 28 de agosto do ano 430. "Seu corpo, em data incerta, foi transferido
para a Sardenha e, dali, por volta do ano 725, foi transferido para Pavia _ na região
italiana da Lombardia _ colocado na Basílica de São Pedro in Ciel d'Oro, onde ainda
hoje, repousa."
"Deixou à Igreja um clero muito numeroso, bem como mosteiros
de homens e de mulheres cheios de pessoas votadas à continência e a obediência a seus
superiores, junto com as bibliotecas contendo livros e discursos seus e de outros
santos, através dos quais se conhece, por graça de Deus, seu mérito e sua grandeza
na Igreja, e nos quais os fiéis sempre o reencontram vivo."
"Em seus escritos,
também nós o reencontramos vivo" _ concluiu o Santo Padre _ reencontra-se "um homem
de hoje, um amigo, um contemporâneo", que fala com uma "fé suave, atual", "fé que
vem de Cristo, Verbo eterno encarnado, Filho de Deus... Caminho, verdade e vida".
Santo
Agostinho _ terminou o pontífice _ nos encoraja a confiar-nos a Cristo, sempre vivo,
e assim encontrar a estrada da vida.
Por fim, Bento XVI dirigiu um apelo, tendo
em vista a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos: "É necessário rezar sem cessar,
pedindo com insistência a Deus, o grande dom da unidade entre todos os discípulos
do Senhor. Que a força inexorável do Espírito Santo nos estimule a um compromisso
sincero, de busca da unidade, para que possamos professar, todos juntos, que Jesus
é o único Salvador do mundo."
Após a saudação em diversas línguas aos vários
grupos de fiéis e peregrinos presentes, o Santo Padre concluiu a Audiência Geral concedendo
a todos a sua bênção apostólica. (RL/AF)