CANCELADA VISITA DO PAPA À UNIVERSIDADE "LA SAPIENZA"
Cidade do Vaticano, 15 jan (RV) - "Após os já conhecidos episódios destes dias,
relativos à visita do Santo Padre à Universidade de Estudos "La Sapienza" que, a convite
do magnífico reitor, deveria realizar-se na próxima quinta-feira, dia 17, considerou-se
oportuno anular o evento. Todavia, o Santo Padre enviará seu pronunciamento previsto":
é o que anuncia um comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé, publicado no final
desta tarde.
De fato, a prevista visita do papa à "La Sapienza" deu origem
a um caloroso debate, desencadeado pelo apelo assinado por 67 membros do corpo docente
da Universidade, solicitando o cancelamento da visita de Bento XVI.
Esta manhã,
um pequeno grupo de estudantes havia ocupado a Reitoria, em sinal de protesto pela
anunciada visita do pontífice. Sobre o episódio das contestações anti-papa na Universidade
romana, a Rádio Vaticano ouviu o historiador Enrico Galli Della Loggia. Eis o que
ele nos disse:
Enrico Galli Della Loggia:- "A tolerância na Itália ainda
é uma "mercadoria" muito rara. O que é ainda mais triste é que ela parece ser rara,
sobretudo, onde não deveria ser, isto é, nos ambientes intelectuais. De modo particular,
as universidades na Itália continuam sendo um lugar onde nem sempre a tolerância é
muito praticada. Que não o fosse por parte de grupos de estudantes _ grupos, é preciso
sempre repetir, minoritários, muito minoritários _ isso já sabíamos. Agora, que haja
também grupos de professores que não se reconhecem numa atitude de diálogo, isso nos
impressiona um pouco mais."
A propósito da polêmica em torno da anunciada visita
do Santo Padre à "La Sapienza" de Roma, pronunciou-se, nesta segunda-feira, também
o magnífico reitor da Pontifícia Universidade Lateranense, Dom Rino Fisichella. A
Rádio Vaticano ouviu seu comentário, à margem da apresentação do livro do senador
Domenico Fisichella _ "Crise da política e governo dos produtores". Eis o que disse
Dom Rino Fisichella:
Dom Rino Fisichella:- "Parece-me que há muita miopia
e que há muitos preconceitos nessa perspectiva. Posso pensar em tudo, exceto que a
Universidade e, portanto, o âmbito acadêmico, não seja ou não deva ser um lugar aberto
à escuta de todos, à escuta das diversas instâncias presentes na sociedade. A Universidade
nasceu para isso, a Universidade nasceu para ser lugar de confronto entre as próprias
posições e as posições dos outros. A Universidade existe e deve existir justamente
para que as diversas instâncias presentes como fruto da pesquisa, possam ser partilhadas
e participadas. Se há uma preclusão ou uma pré-compreensão sobre a presença católica,
parece-me, então, que haja uma auto-exclusão por parte de quem faz gestos dessa natureza.
Essa atitude parece constituir uma falta para com a própria natureza da Universidade."
(RL/AF)