BISPOS LATINOS DAS REGIÕES ÁRABES INICIAM VISITA "AD LIMINA"

Cidade do Vaticano, 14 jan (RV) - Os bispos latinos das regiões árabes pertencentes à Conferência Episcopal dos Bispos Latinos das Regiões Árabes (CELRA) realizam, de hoje a sábado, dia 19, sua visita "ad Limina". Bento XVI recebeu, esta manhã, no Vaticano, o primeiro grupo, conduzido pelo patriarca latino de Jerusalém, Dom Michel Sabbah.

Trata-se de pastores que atuam em terras onde os cristãos _ reunidos em pequenas comunidades em comparação às muçulmanas _ devem confrontar-se todos os dias, com realidades difíceis, marcadas por antigos conflitos e graves crises humanitárias. Mas também onde o Cristianismo conserva as raízes mais sagradas e antigas de sua mensagem de esperança.

Israel e Palestina, Iraque e Arábia, Somália e Chifre da África são as terras onde se encontram as raízes da religiosidade mundial e as terras de onde emergem as tensões mais delicadas, do atual quebra-cabeça geopolítico. Terras "santas" da história e, ao mesmo tempo, as "terras ensangüentadas dos noticiários", onde a Igreja nasceu, vive como minoria e se confronta com a preponderância do Islamismo.

Essas Igrejas encontram-se agora com Bento XVI, trazendo sua bagagem de experiências pastorais, de dificuldades ambientais e de expectativas por um presente e um futuro que o papa _ como no recente discurso que dirigiu ao corpo diplomático _ demonstra ter sempre em grande consideração.

No âmbito da CELRA, a diocese que registra a presença católica mais consistente é a do Patriarcado Latino de Jerusalém, que compreende Israel, Palestina, Jordânia e Chipre. Por presença "consistente" se entende, em particular, Israel e Palestina, uma comunidade de cerca de 170 mil pessoas, preponderantemente de origem palestina, à qual se acrescentam estrangeiros residentes, religiosos e leigos, e alguns cristãos de origem judaica.

No Patriarcado Latino de Jerusalém _ caso único entre todas as Igrejas Católicas na Terra Santa _ está presente também um antigo Seminário, onde jamais faltaram vocações desde 1848, ano da fundação.

As paróquias são 60, com 90 sacerdotes, além de bispos, patriarcas e religiosos, e uma média etária de 50 anos: um clero jovem, chamado a afrontar o cuidado pastoral de uma comunidade cristã em perene esfacelamento, em virtude da instabilidade crônica na área.

"Santa" _ mesmo porque ali Cristo chegou diversas vezes, em sua pregação _ é também a terra libanesa, na qual a comunidade latina local se junta às outras seis Igrejas Católicas, das quais se compõe o articulado mosaico das "minorias" religiosas presentes no Líbano: maronitas, greco-melquitas católicos, armênios, armênios católicos, siro-católicos e caldeus, com um milhão e 800 mil católicos ao todo, 18 mil dos quais pertencentes ao Vicariato de Beirute.

Por sua vez, o Vicariato de Aleppo, na Síria, conta 12 mil católicos, divididos em 10 paróquias, embora a comunidade católica local, além dos latinos, compreenda as outras minorias presentes também no Líbano.

Por outro lado, registra-se, na Síria, a crescente presença de refugiados cristãos iraquianos, muitos dos quais caldeus, em fuga do conflito que devasta seu país desde 2003. Em Bagdá, a Arquidiocese enfrenta um êxodo irrefreável: em 2004, os batizados eram dois mil, mas hoje a presença cristã realmente corre risco de extinção.

Em Abu Dhabi _ capital dos Emirados Árabes Unidos _ está o Vicariato da Arábia, que tem jurisdição sobre todos os católicos residentes na península arábica. Além da Arábia Saudita, o vicariato _ administrado pelos frades capuchinhos _ compreende os Emirados Árabes Unidos, o Catar, Barein, Omã e o Iêmen. Ali, mesmo como pequena minoria, os católicos _ quase exclusivamente trabalhadores imigrantes, de várias nacionalidades _ cresceram, numericamente, de modo significativo.

Em 2004, o vicariato contava mais de um milhão e 300 mil fiéis, subdivididos em 20 paróquias, administradas por apenas 45 sacerdotes, entre religiosos e diocesanos.

Passando para a África, é também antigo o vicariato apostólico que tem sede em Alexandria do Egito, num território em que os católicos dos vários ritos são, ao todo, 214 mil. A comunidade de rito latino, em particular, conta, atualmente, 30 mil fiéis, distribuídos em 17 paróquias.

Mas além do Egito, a Conferência dos Bispos Latinos das Regiões Árabes compreende também a Somália e Djibuti. A Diocese de Mogadíscio compreende a capital somaliana e conta uma só paróquia. Os católicos são uma centena. Já na Diocese de Djibuti existem sete mil fiéis. (RL/AF)