Partes quenianas desavindas exortadas a manterem o diálogo: comunidade internacional
teme guerra civil
( 12/1/2008) O ex - presidente moçambicano, Joaquim Chissano, exortou ontem as partes
quenianas desavindas a manterem o diálogo, considerando que «basta de violência»,
mas todos os esforços internacionais de mediação parece terem falhado. Apesar
dos apelos à conciliação, a oposição voltou a convocar manifestações em todo o país,
após uma semana de intensos contactos com mediadores internacionais que tentaram promover
um compromisso político entre o presidente Mwai Kibaki e o líder da oposição Raila
Odinga. O Movimento Democrático Laranja (MDL), de Odinga, convocou uma manifestação
para quarta-feira em Nairobi, após o fracasso das negociações sobre a eleição presidencial
contestada. “É tempo de dizer basta, não mais à violência... já basta”, afirmou Joaquim
Chissano durante uma conferência de imprensa conjunta com o líder da oposição Raila
Odinga. Odinga disse ao líder da missão de bons ofícios de quatro antigos chefes de
Estado africanos ao Quénia que “quer a paz, mas que só haverá paz duradoura com justiça”. No
dia anterior, Odinga reuniu-se com o presidente da União africana (UA) e chefe de
Estado do Gana, John Kufuor, a quem reiterou as mesmas posições de príncipio. Kufuor
deixou o país após uma missão de dois dias e entregou a dura tarefa de mediação entre
os rivais queinianos ao antigo secretário-Geral da ONU Koffi Annan. O presidente da
UA conseguiu, aparentemente, obter a promessa de Kibaki e Odinga de “empenhamento
a favor do diálogo e de uma cessação da violência”. A onda de violência sem precedentes
no país que se seguiu ao anúncio da reeleição do actual Presidente da República, imediatamente
contestado pela oposição, já causou mais de 600 mortos e 250 mil deslocados. Os
conflitos, que a comunidade internacional teme acabem numa guerra civil, mancharam
a imagem de regime democrático ostentada pelo Quénia e prejudicou a maior e a mais
promissora economia do leste da África. O fracasso dos esforços realizados pelo presidente
da UA, John Kufuor deixou preocupados os quenianos, que enfrentam um dos momentos
mais delicados de sua história desde a independência .