Santo Agostinho, figura central da cultura ocidental, tema da Audiência Geral
(9/1/2008) Retomando o ciclo de catequeses dedicadas aos “Padres da Igreja”, dos
primeiros séculos do cristianismo, Bento XVI deteve-se, na audiência geral desta quarta-feira,
na figura de Santo Agostinho, recordando desta vez os traços principais da sua vida
(bem ilustrada nas célebres “Confissões”) e prometendo falar nas próximas semanas
dos muitos escritos deste “incansável pastor”…
“Falaremos hoje de Santo Agostinho,
homem de paixão e de fé, pastor incansável, que teve uma influência considerável e
cujo nome é muitas vezes conhecido mesmo pelos que ignoram o cristianismo”.
O
Papa sublinhou desde já a relação entre fé e razão tão patente em Agostinho, “santo
e filósofo”. Ele – anotou Bento XVI - enfrentou diversas heresias, que punham em perigo
a fé cristã no Deus único. A sua influência permaneceu bem para além do seu tempo,
até aos nossos dias… “De Santo Agostinho se pode dizer, com palavras de Paulo
VI, ‘que todo o pensamento da antiguidade converge na sua obra e dela brotam correntes
de pensamento que permeiam toda a tradição dos séculos posteriores’.”
Esboçando
em largos traços a biografia do santo pastor e pensador, Bento XVI recordou que Agostinho
nasceu em Tagaste, na Numídia, África romana, em 354. Dotado de viva inteligência,
estudo em Madauro e em Cartago, onde leu uma obra de Cícero que nele despertou o amor
da sabedoria. Nesse tempo, uma primeira leitura da Bíblia deixou-o insatisfeito. O
jovem intelectual sentia-se então mais perto do maniqueísmo, que lhe aparecia mais
rigoroso e racional do que o cristianismo. Em Cartago exerceu brilhantemente o cargo
de Mestre de Retórica. Gradualmente desiludido com a fé dos maniqueus, incapaz de
resolver as suas dúvidas, partiu para Roma, depois para Milão, onde seguiu as pregações
do bispo Ambrósio. A sua conversão ao cristianismo, a 15 de Agosto de 386, foi o ponto
de chegada de um longo percurso interior. Depois do baptismo, Agostinho decidiu
partir para a África, para praticar uma vida de tipo monástico, ao serviço de Deus.
Estabeleceu-se em Hipona, para aí fundar um mosteiro. Em 391, foi ordenado padre,
e bispo quatro anos depois. Foi pastor exemplar, pregando muitíssimo, assistindo os
pobres, ocupando-se da formação do clero. Nos seus 35 anos de episcopado, exerceu
enorme influência no cristianismo do seu tempo. Morreu em 430, com 76 anos.
De
entre as saudações aos peregrinos das diversas línguas, não faltou uma em português:
“Saúdo com afecto
no Senhor todos os ouvintes de língua portuguesa, em particular o grupo de brasileiros
de Piracicaba do Estado de São Paulo. Desejo a todos felicidades, com os auspícios
de que levem de Roma uma consciência de Igreja mais clara, e a fé no seu divino Fundador,
Jesus Cristo, mais viva e operante. E peço a Nossa Senhora que os proteja e aos que
lhes são queridos, ao dar-lhes a Bênção.”
Presentes nesta audiência geral,
entre os peregrinos italianos, dirigentes e atletas do campionato de futebol da Série
D, aos quais o Papa reservou uma saudação especial:
“Possa o jogo do futebol
ser cada vez mais veículo de educação aos valores da honestidade, da solidariedade
e da fraternidade, especialmente entre as gerações jovens”.