2008-01-06 17:38:14

BENTO XVI: CONFLITOS PELA SUPREMACIA DIFICULTAM MISSÃO DOS QUE TRABALHAM PARA CONSTRUIR MUNDO JUSTO E SOLIDÁRIO


Cidade do Vaticano, 06 jan (RV) - A Igreja celebra neste domingo, 6 de janeiro, Dia de Reis, a Epifania do Senhor. Bento XVI presidiu à celebração eucarística na Basílica de São Pedro e, a seguir, rezou a oração mariana do Angelus, com os fiéis e peregrinos reunidos na Praça São Pedro, apesar da inclemência do tempo em Roma e em toda a Itália.

O termo grego Epifania, traduzido por "manifestação", significa a chegada ou o advento de um rei ou um imperador, e a aparição de um deus ou uma intervenção milagrosa. É São Paulo quem consagra o uso cristão da palavra, aplicando-a, a Jesus e ao mistério salvífico revelado: "Essa graça, que nos foi dada em Cristo Jesus, antes dos tempos eternos, foi manifestada agora pela Aparição de nosso Salvador, o Cristo Jesus" _ diz em sua segunda carta a Timóteo. "A graça de Deus se manifestou para a salvação de todos os homens. Ela nos ensina a abandonar a impiedade e as paixões mundanas, e a viver neste mundo com autodomínio, justiça e piedade" _ acrescenta São Paulo.

Liturgicamente, a Epifania prolonga o tempo do Natal, aprofundando seu Mistério. Enquanto a solenidade de 25 de dezembro celebra a Encarnação do Verbo, a solenidade de 6 de janeiro (no Brasil, no domingo entre os dias 2 e 8 de janeiro) sublinha as manifestações terrenas que testemunham ser Ele o Verbo eterno do Pai. Trata-se de uma solenidade que tem matriz oriental, ligada à Vinda do Redentor, antes mesmo de Roma instituir a festa do Natal.

Em sua homilia na celebração desta manhã, o pontífice sublinhou que embora a estrela que guiou os Reis Magos fosse vista por todos, nem todos compreendiam o seu sentido. Da mesma forma _ sublinhou _ embora o Salvador tenha nascido para todos, nem todos O acolheram.

"A chegada dos Reis Magos do Oriente a Belém, para adorar o Messias recém-nascido _ destacou o papa _ é o sinal da manifestação do Rei universal aos povos e a todos os homens que buscam a verdade. É o início do movimento oposto ao de Babel: de fato, se passa da confusão à compreensão, da dispersão à reconciliação."

Referindo-se ao "mistério" de que São Paulo fala em suas cartas, o papa sublinhou: "Este "mistério" da fidelidade de Deus constitui a esperança da história. É claro que esse mistério é cercado de obstáculos, ou seja, por pressões de divisões e pela prepotência, que laceram a humanidade, em virtude do pecado e do conflito dos egoísmos. A Igreja, na história, está a serviço desse "mistério" de bênção para toda a humanidade. Nesse mistério da fidelidade de Deus, a Igreja realiza plenamente sua missão somente quando reflete, em si mesma, a luz de Cristo Senhor e, assim ajuda os povos do mundo, no caminho da paz e do autêntico progresso."

Comentando as palavras do profeta Isaías sobre as dificuldades que pairam ainda sobre as nações, apesar da vinda do Messias, Bento XVI advertiu: "Não se pode dizer, de fato, que a globalização seja sinônimo de ordem mundial, ao contrário! Os conflitos pela supremacia econômica e pela obtenção de recursos energéticos, hídricos e de matéria-prima tornam difícil o trabalho daqueles que, em todos os níveis, se esforçam para construir um mundo justo e solidário. É necessária uma esperança maior, que permita preferir o bem comum de todos ao invés do luxo de poucos e da miséria de muitos. E esta grande esperança só pode ser Deus... não um deus qualquer, mas aquele Deus que tem feições humanas."

Concluindo sua homilia nesta solenidade da Epifania, o Santo Padre ressaltou: "É claro para todos, a este ponto, que somente adotando um estilo de vida0 sóbrio, acompanhado de um sério empenho por uma équa distribuição das riquezas, será possível instaurar uma ordem de desenvolvimento justo e sustentável. Por isso, necessitamos de homens que nutram uma grande esperança e, por isso mesmo, tenham grande coragem. A coragem dos Reis Magos que, seguindo uma estrela, empreenderam uma longa viagem, para ajoelhar-se aos pés de um Menino e oferecer-lhe seus dons preciosos. Temos todos, necessidade dessa coragem, ancorada a uma sólida esperança."

"Que Maria nos ajude a obter essa esperança e essa coragem, acompanhando-nos em nossa peregrinação terrena, com sua proteção materna" _ concluiu o pontífice. (AF)








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