ÍNDIA: LÍDERES RELIGIOSOS ESCREVEM CARTA AO GOVERNO DE ORISSA
Kandhamal, 04 jan (RV) - Líderes religiosos de diversas igrejas da Índia enviam
carta ao governo do Estado de Orissa, a propósito dos recentes ataques contra lugares
de culto, lojas e habitações no distrito de Kandhamal.
“Ainda não temos
um balanço oficial dos feridos e das vítimas assassinadas em consequência da repressão
da polícia e dos atos de violência na última semana no distrito de Kandhamal; muitas
pessoas, inclusive jovens e mulheres, estão desaparecidos e ignoramos se a polícia
esteja procurando eles; soubemos que alguns cristãos foram presos, mas não há nenhuma
comunicação oficial; parece que alguns agitadores podem se mover sem problemas apesar
do toque de recolher; nenhum cristão foi autorizado a visitar a área e portanto, não
pudemos dar conforto às pessoas envolvidas na violência”: dessa maneira tem início
uma carta ao governo do Estado de Orissa a propósito dos recentes atos de violência
no distrito de Kandhamal.
Na carta detalhada, que narra os episódios de tensão
fomentados por um grupo político de ultra-nacionalistas hindús de extrema direita,
lê-se que mais de 40 igrejas, seminários, conventos e pelo menos 400 habitações foram
destruídas ou danificadas nos últimos dias. “A situação obrigou sacerdotes, religiosos
e cristãos a fugirem e procurar refúgio na floresta” – destaca a missiva – que cita
ainda um balanço de cinco mortos em Barakhama.
Os representantes das Igrejas
– entre os signatários do documento se encontram um delegado de Dom Raphael Cheenath,
arcebispo de Cuttack-Bhubaneswar; Isaac Becera, presidente da ‘All India catholic
union’ para a região de Orissa; o reverendo batista Samsan Das, da diocese de Cuttack,
e John Dayal do Conselho Nacional para a Integração, órgão governativo federal – acusam
a polícia de não ter sido capaz de administrar a situação e pedem reforços além de
uma investigação independente e um ressarcimento para todas as vítimas das violências.
As violências são atribuídas à ‘Kui Janakalyan Samiti’, uma organização cujos membros
pertencem ao grupo étnico ‘Kui’.
Não é a primeira vez que a região é teatro
de tensões; a origem das violências, que na aparência parecem ter como alvo uma comunidade
religiosa, há na realidade como pano de fundo um sistema de repartição de cargos e
de empregos públicos com base na pertença a uma determinada etnia ou casta. Falando
à agência MISNA, o Secretário da Conferência Episcopal Indiana, padre Babu Joseph,
referiu que uma delegação de chefes religiosos foi recebida ontem pelo governo local,
que prometeu um ressarcimento a todas as vítimas das violências. (SP)