África, nova crise politica. No Quénia, já centenas de mortos e milhares de deslocados
em cinco dias de violência
(2/1/2008) A União Europeia (UE) e os Estados Unidos da América (EUA) apelam às forças
em confronto no Quénia para que ponham termo às lutas étnicas,, na sequência da publicação
dos resultados das polémicas eleições gerais de 27 de Dezembro passado. Várias
dezenas de pessoas foram queimadas vivas numa igreja de Eldoret, no Oeste do Quénia,
quando ali procuravam refúgio. As vítimas, entre 30 a 50, segundo as fontes, eram
sobretudo mulheres e crianças. Os cadáveres carbonizados foram descobertos ontem e,
de acordo com a Cruz Vermelha queniana, o cenário é "inimaginável e indescritível".
Trata-se, de facto, do episódio mais chocante em seis dias de violência. Os confrontos
registados desde 27 de Dezembro, data das eleições, saldam-se já em quase 300 mortos
e 70 mil deslocados. As relações inter-étnicas são frágeis no Quénia, país com 34
milhões de habitantes, podendo a situação agravar-se caso não seja posto um travão
aos apoiantes da oposição e do actual poder. Os partidários de Raila Odinga, do Movimento
Democrático Laranja, denunciaram fraudes eleitorais que deram a vitória, por 200 mil
votos, ao actual chefe do Estado Mwai Kibaki. A existência de irregularidades
foi reforçada pela missão de observadores da União Europeia - que já exigiu um inquérito
independente. Os EUA, por seu lado, retiraram as felicitações enviadas ao líder queniano
e condenaram a violência. Fortemente pressionado pela comunidade internacional
nos últimos dias, Kibaki, de 76 anos, emitiu ontem um comunicado em que convida os
partidos políticos a reunirem-se e a apelarem à calma. Imagens aéreas revelam terem
sido queimadas centenas de casas e palhoças. Existem também inúmeras barreiras levantadas
ao longo das estradas.