2008-01-02 15:06:39

Bento XVI: viver, testemunhar e anunciar Jesus Cristo Salvador


(2/1/2007) Acaba de terminar um ano, sem dúvida denso de ensinamentos, gestos e significados que tiveram um vasto eco nos meios de comunicação social, provocando interesse, curiosidade, compartilha e também polémicas. Algumas destas, muitas vezes, revelaram-se superficiais e inconsistentes, outras, poucas, sérias e significativas. Mas não acaba aqui o sentido profundo do magistério do Papa, no qual a palavra ocupa um lugar fundamental, actuando em profundidade, e no silêncio dos corações e das mentes.
Antes de perspectivarmos 2008 convém aqui recordar o que foi 2007, salientando antes de mais que o magistério pontifício não tem medo de confrontar-se.
Bento XVI, desde há decénios, desde a cátedra da Universidade de Bona à cátedra de Pedro, fez do seu empenho sacerdotal, pastoral e teológico e agora papal, um "momento" aberto ao diálogo com todos, com aqueles que vivem no corpo eclesial, mas também com aqueles que estão fora.
Na óptica do magistério pontifício, 2007 foi um ano extraordinário, não só porque o Santo Padre nos deu a sua segunda Encíclica "Spe Salvi" e a Exortação apostólica pós-sinodal centrada na Eucaristia, "Sacramentum Caritatis", mas também pelo que disse aos povos latino-americanos, no Brasil por ocasião da V conferencia geral do episcopado regional e aos povos da Europa durante a sua peregrinação à Áustria para a celebração dos 850 anos do santuário de Mariazell. Além disso, nos últimos doze meses o Papa dedicou o seu magistério, nas visitas "ad limina Apostolorum, a numerosos povos asiáticos, do pacifico, africanos ( entre os quais Moçambique) e europeus ( os bispos portugueses foram recebidos em Novembro); e muitos dos colaboradores mais estritos do Papa visitaram as Igrejas e as populações daquelas regiões. Passando em resenha os seus empenhos e discursos emerge o abraço do Papa à humanidade inteira, à qual nunca deixou faltar a sua palavra ,a sua solicitude, a sua solidariedade espiritual e material, e a sua oração. Muitíssimas foram as suas preocupações, as suas angústias e os seus temores, mas entre todos sobressaem aqueles pelos jovens, os pobres, as crianças, os sacerdotes e as religiosas. Além disso, e trata-se de uma constante do seu pontificado, neste último ano Bento XVI seguiu mais de perto os sofrimentos dos povos envolvidos em áreas de crise e atingidos por catástrofes naturais. Recebeu na "sua casa" dezenas de Governantes e Embaixadores, trocando com eles diagnósticos e perspectivas para a procura da paz verdadeira e do progresso autêntico. Na "sua casa" a porta do diálogo ecuménico e inter-religioso , e mais em geral, intercultural esteve sempre aberta para todos.
Na tentativa de perspectivar 2008, pode-se afirmar que o pontificado de Bento XVI continuará a trilhar este caminho, com o Papa a recordar a tempo e fora de tempo aquilo que constitui a razão de ser da Igreja: viver, testemunhar e anunciar Jesus Cristo Salvador universal. E isso desembaraçadamente, sem timidez nem inibições, no pleno respeito da liberdade de cada um e precisamente em nome do direito fundamental de poder receber e acolher o anúncio do Evangelho.
Em 2008 , Bento XVI visitará os Estados Unidos da América, a Austrália, a França e as regiões italianas da Ligúria, Sardenha e Puglia.
O Papa atravessa o Atlântico no mês de Abril, para, de 15 a 20 desse mês, visitar Washington e Nova Iorque. Ali, na sede das Nações Unidas, pronunciará um discurso. Bento XVI será o terceiro Papa a falar da tribuna de oradores daquela instituição mundial, depois de Paulo VI em 1965 e João Paulo II em 1979 e 1995.
De 15 a 20 de Julho visitará a Austrália, para participar, em Sidney, na XXII Jornada Mundial da Juventude, e em Outubro, em data ainda não definida, visitará França, onde participará, no santuário mariano de Lourdes, nas celebrações do 150.º aniversário da aparição de Nossa Senhora a Bernadette Soubirous.
Estão previstas também 3 visitas a dioceses italianas: o Papa irá à região italiana da Ligúria, nos dias 17 e 18 de Maio, para visitar Savona e Génova, a capital da região.
Um mês mais tarde, em 14 e 15 de Junho, Bento XVI viajará para a região de Puglia, no sul, para visitar as cidades de Santa Maria di Leuca e Brindisi. Finalmente, para o dia 7 de Setembro, está marcada uma visita a Cagliari, capital da ilha da Sardenha.
Não obstante Bento XVI tenha um grande desejo de se deslocar à Terra Santa, não há nenhum projecto concreto neste sentido . Essa viagem espera por "sinais positivos" da parte de Israel, e por certas condições, como salientou em conferencia de imprensa, no Vaticano, a 17 de Dezembro, o director da Sala de Imprensa da Santa Sé Padre Frederico Lombardi . Entre essas condições apresentou "a pacificação da situação na região e o envio, por parte de Israel, de sinais positivos nas negociações bilaterais", que conheceram, na 2ª semana de Dezembro, mais um impasse, em Jerusalém.
Convém recordar aqui que a maior parte dos observadores esperava para 2007, um documento de Bento XVI de carácter social, ocorrendo neste ano, o 40º aniversario da Populorum Progressio de Paulo VI e o 20º da Sollicitudo Rei Socialis de João Paulo II. Ao contrário, Bento XVI decidiu prosseguir a reflexão acerca das virtudes teologais iniciada em 2006 com a Deus caritas est e dedicou a sua segunda encíclica, intitulada Spe Salvi e publicada a 30 de Novembro à esperança, colocando-a em relação muito estreita com a fé.
Central - no percurso interno da encíclica, bem como no pensamento de Bento XVI - o confronto com as perguntas do tempo presente, que introduz o tema da diferença cristã em relação ao desenvolvimento da modernidade, do Iluminismo às ideologias dos séculos XVIIII e XIX e à liberdade do homem, fundada na esperança de Deus, como antídoto às tantas presunções cientistas : dois temas que durante o biénio passado, desde a primeira encíclica absorveram muitas das energias de Bento XVI.
Um documento do Papa, de carácter social , que se esperava para 2007, será realidade em 2008? Não há informação concreta nesse sentido; estamos apenas no campo das probabilidades.
Na viagem de Bento XVI aos Estados Unidos na próxima Primavera, momento saliente será a visita à sede das Nações Unidas. Recordo aqui uma frase do discurso do Papa à Cúria Romana no passado 21 de Dezembro: "Perante os sentimentos e as realidades da violência e da injustiça que ameaçam a humanidade, devem ser suscitadas forças antagónicas", ou seja, "forças de reconciliação, de paz, de amor e de justiça".
E concluo com uma brevíssima referência a uma realidade que muito preocupa o Papa: a situação da juventude no mundo inteiro, que enfrentará numa ocasião muito especial no Verão de 2008, no encontro mundial da juventude.
Aqui em Roma, na festa da Imaculada Conceição, dizia Bento XVI: "Penso nos jovens de hoje, crescidos num ambiente saturado de mensagens que propõem falsos modelos de felicidade. Estes rapazes e raparigas correm o risco de perder a esperança porque parecem muitas vezes órfãos do verdadeiro amor, que enche de significado e de alegria a vida".
António Pinheiro
 







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