Os portugueses repensem a noção de felicidade, pede o Patriarca de Lisboa na sua mensagem
de Natal
(25/12/2007) A melhoria da qualidade de vida a nível material induziu nos homens
a ideia de que o dinheiro e o conforto são as melhores coisas do mundo. Motivo pelo
qual o Cardeal Patriarca de Lisboa exortou, na habitual mensagem de Natal aos portugueses,
que revejam "as noções de felicidade e de progresso, de sociedade perfeita e de liberdade". Recorrendo
às palavras que o Papa Bento XVI redigiu na última Carta Encíclica, D. José Policarpo
disse que os homens "abandonaram Deus, enquanto factor decisivo da felicidade humana,
esqueceram a mensagem do Natal, esperança definitiva de reencontro de Deus com o homem". D.
José Policarpo sublinhou ainda que se "as revoluções e as transformações sociais"
causaram "um progresso real e conquistas boas para o homem, geraram quase sempre novas
injustiças e sofrimentos incalculáveis". "Esqueceram que o progresso material deste
mundo não anula a esperança na vida eterna", leu o Cardeal Patriarca na mensagem desta
Consoada, em que realçou que por mais avançada que a tecnologia seja e que o homem
usufrua através dela de boas sensações, "não é a ciência que redime a pessoa humana.
O ser humano é redimido pelo amor". Numa contraposição entre os que acreditam
na acção humana e os que crêem num ente superior, D. José Policarpo referiu que "os
diversos ateísmos, nas mais variadas expressões, tiveram origem neste reduzir a esperança
humana à dimensão da história, e numa visão de felicidade que o homem pode construir". Afirmando
que a felicidade está na prática da acção com um fim maior - em prol dos outros, dos
mais necessitados, no fundo em manifestar afectos - o Cardeal referiu "Tudo o que
formos capazes de construir neste mundo, tem de ser a expressão de um desejo maior,
num horizonte de eternidade". E não numa perspectiva do imediato e efémero.
A
reaproximação a Deus é, segundo o Patriarca de Lisboa, a forma do homem voltar a sentir
alegria. "O afastamento de Deus, ou o seu esquecimento e negação, constituem o
maior drama da humanidade", e "tiram todo o sentido ao Natal", revelou. D. José
Policarpo acrescentou que "em nome da autonomia e da sua liberdade", o homem pensou
"que pela sua inteligência e engenho podia atingir a plenitude da vida", esquecendo
que essa meta é alcançada através da fé em Deus. "Esse é o testemunho dos que reencontraram
a intimidade com Deus podem dar, a uma humanidade desorientada e sofrida", disse ainda.
Antes de afirmar que este sermão não é uma falácia para captar potenciais crentes,
mas antes um facto confirmado pelos crentes. "Não se trata de uma refutação, nem de
uma denúncia, nem de um esforço lógico para convencer" os mais cépticos, justificou.