2007-12-18 17:59:42

Director da Obra Católica Portuguesa de Migrações defende uma solução conjunta entre "paises do Mediterrâneo", para o problema da imigração ilegal


(18/12/2007) Manifestar “caridade perante quem arrisca tudo” é a postura do Padre Francisco Sales, director da Obra Católica Portuguesa de Migrações – OCPM, perante a chegada de 23 imigrantes clandestinos à costa algarvia.
Os 23 cidadãos de origem africana foramdetectados nesta segunda feira dia 17 junto à Ilha da Culatra.
Os 18 homens e cinco mulheres partiram de Kenetra, a 40 quilómetros de Rabat, Marrocos, e terão viajado durante cerca de quatro dias até alcançar o Algarve, numa pequena embarcação a motor.
O destino era alcançar a costa espanhola, mas as más condições climatéricas, desviou a embarcação da rota.
O director da OCPM frisou à Agência ECCLESIA que “por detrás de cada vida está um grande drama humano”, pois quem se lança ao mar em situações tão precárias, arrisca a própria vida na busca de melhores condições.
Este é o primeiro acontecimento do género registado em Portugal.
O director nacional do SEF, Manuel Jarmela Palos, refutou hoje que Portugal seja um alvo da imigração clandestina por mar e assume este como um "episódio esporádico".
Espanha e Itália fecham fronteiras marítimas, aumentam o policiamento nas suas costas, deixando como alternativa aos imigrantes, a costa portuguesa, mesmo que de passagem. Este quadro é lançado pelo próprio Comandante da Marinha, Silvestre Correia.
O repatriamento “é a lógica de lei”, assume o Padre Francisco Sales, mas frisa esperar que o “tratamento prestado seja pautado pela caridade e dignidade humana”, que cada pessoa merece.
Solução entre países do Mediterrâneo
Perante uma nova situação, mas que não se ficará por aqui, assegura, a resposta deve ser encontrada numa “aliança dos países do Sul”. O problema não deve ser resolvido “à chegada”, mas na sua raiz, “evitando as travessia de risco e garantindo condições de subsistência nos países de origem”. O drama à chegada “é sempre maior”, sublinha.
A solução não passa “pela abertura das fronteiras, pois o país não comporta condições” mas a caridade cristã e o humanismo devem centrar-se “na origem dos imigrantes”, junto dos governos.
Sobre a Cimeira Europa / África que Lisboa acolheu, apesar do assunto estar incluído na agenda, acredita que a solução deve ser encontrada entre governos dos países do Sul da Europa e do Norte de África, de forma “particular”.
Os países do Norte “não se confrontam com a mesma realidade que os países do Sul enfrentam”. O Pe. Francisco Sales afirma-se relutante quanto a Cimeiras com “muitos governos”, pois acredita que os interesses económicos, “neste encontros prevalecem sempre”.
Dia Internacional dos Migrantes
Este acontecimento na costa portuguesa ocorre na véspera do assinalar do Dia Internacional dos Migrantes. Uma efeméride, assinalada no mundo inteiro, num momento da história com “uma sensibilidade diferente do passado”.
O dia de hoje contribui para uma “tomada de consciência da sociedade” para reflectir sobre a condição humana condicionada pelo desenvolvimento da economia. Franjas da população são “extremamente ricas quando muitos vivem na extrema pobreza”, alerta o director da OCPM.
Igreja e sociedade estão alertas para este drama. Basta, por exemplo, ler a mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial do Migrante e Refugiado, celebrado a 13 de Janeiro, onde se percebe a “sua preocupação e a dimensão da imigração presente na juventude”, frisa.
O quadro do imigrante «pai de família» que sai do seu país à procura de melhores condições de vida para depois receber a família, está a mudar. Actualmente são os jovens, mais mulheres, “algumas ainda adolescentes”, que se lançam na aventura de mudar de vida em diferentes locais. Este quadro é traçado pelo director da OCPM que alerta para as redes de exploração.
Outro sintoma do alerta que corre na Europa é a movimentação gerada ao nível dos governos – as Presidências da União Europeia têm mantido esta preocupação na agenda política e na reflexão.
Em Portugal, a 3 de Agosto, entrou em vigor a nova Lei de Imigração, aquela que o Pe. Francisco Sales adjectiva de “melhor da Europa”. Foram hoje entregues as primeiras autorizações de residência a cidadãos estrangeiros.








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