TUTELAR A DIGNIDADE E A SEGURANÇA DOS TRABALHADORES: TELEGRAMA DO PAPA PELO FUNERAL
DOS QUATRO OPERÁRIOS MORTOS EM TURIM
Cidade do Vaticano, 13 dez (RV) - Foi celebrado na manhã desta quinta-feira,
o funeral dos operários Antonio Schiavone, Roberto Scola, Angelo Laurino e Bruno Santino,
presidido pelo cardeal-arcebispo de Turim, Severino Poletto. Os operários morreram
no incêndio ocorrido na metalúrgica ThyssenKrupp, nos dias passados, dando origem
a uma onda de protestos em toda a Itália.
O cardeal-secretário de Estado, Tarcisio
Bertone, enviou uma telegrama, em nome do papa, ao Cardeal Poletto, lido durante a
celebração. No texto, o pontífice sublinha a necessidade de tutelar "com todos os
meios disponíveis, a dignidade e a segurança dos trabalhadores" e assegura "fervorosas
orações de sufrágio", além de invocar ao Senhor "alívio e cura" para os feridos.
Em
sua homilia, o Cardeal Poletto afirmou que o incidente não só comove as famílias das
vitimas, mas também toda a população de Turim: "Não existem adjetivos apropriados
para comentar esse modo atroz de morrer. Aconteceu o que nunca deveria ocorrer num
local de trabalho, aonde as pessoas vão, para ganhar o pão, com suor e fadiga, para
construir um futuro sereno e mais seguro para si e para seus filhos."
À espera
do veredicto judicial sobre o incêndio, o cardeal propôs uma seria reflexão, evocando
a Doutrina Social da Igreja: "Reitero que, como ensina a Doutrina Social da Igreja,
o trabalho é para o homem e não o homem para o trabalho. Isso significa que os direitos
dos trabalhadores, como todos os outros direitos, se baseiam na natureza da pessoa
humana e na sua transcendente dignidade, como o direito à justa remuneração, o direito
ao repouso e, sobretudo, o direito a um ambiente de trabalho e a processos produtivos
que não prejudiquem a saúde física e, especialmente, a vida dos trabalhadores."
Ao
recomendar a comunidade a não deixar as famílias das vítimas sozinhas na dor, o Cardeal
Poletto convidou todos a assumirem a responsabilidade, porque, segundo ele, esta é
uma nova questão social na Itália e mais do que isso: é "uma nova questão ética".
(JD/AF)