Prémio Sakharov pede à União Europeia um maior apoio para a solução do conflito no
Darfur. Líder da Líbia critica a sua internacionalização
(12/12/2007) O líder da Líbia, Muammar Kadhafi, criticou a “internacionalização do
conflito do Darfur”, considerando que esta “crise terminará por si” se a comunidade
internacional deixar os locais “desembaraçarem-se sozinhos”. O dirigente
líbio, que se encontra em Paris para uma visita de estado à França, declarou que o
“interesse que o mundo dá ao Darfur partiu de boas intenções, mas é contrário ao que
queria à partida”. Já o advogado sudanês Salih Mahmoud Osman, laureado com o prémio
Sakharov 2007 pelo Parlamento Europeu em função do trabalho de ajuda às vítimas de
Darfur, apelou para que a União Europeia intensifique os esforços de apoio à região.
“As pessoas do Darfur têm necessidade que a União Europeia adopte uma posição comum
forte sobre a protecção de cidadãos inocentes. Eles pedem-vos que os protejam da violência,
dos assassínios e dos maus-tratos que enfrentam a cada dia”, afirmou Osman, na cerimónia
de entrega do prémio Sakharov, em Estrasburgo, no Parlamento Europeu. “Esta protecção
pode ser possível graças ao envio de uma força ONU/União Africana (UA)”, sublinhou
Osman, acrescentando que a União Europeia “tem um papel a cumprir para aumentar a
pressão sobre o governo sudanês para facilitar a deslocação destas tropas e a protecção
das pessoas no Darfur”. Os europeus pediram sábado passado, durante a Cimeira
UE/África em Lisboa, que o presidente sudanês Omar el-Béchir facilitasse o envio
da força de paz conjunta da UA e das Nações Unidas para a região do Darfur em Janeiro.
Na sequência do pedido, Béchir recusou a composição proposta pelas Nações Unidas.
O conflito do Darfur e as consequências associadas provocaram em quase cinco anos
cerca de 200 mil mortos e 2,2 milhões de deslocados, segundo organizações internacionais,
mas Cartum afirma que o número de vítimas mortais não deverá ultrapassar nove mil.
Uma força mista da ONU e da União Africana de 26 mil homens deverá substituir no início
de Janeiro a força africana de sete mil elementos actualmente destacada no Darfur.