Preocupação da Santa Sé pelo "clima de guerra" mundial
(12/12/2007) Sérias preocupações diante do “clima de guerra” que se vive em diversos
pontos do planeta, agravado pelas “ameaças de guerra e de invasões dos últimos tempos”
foram manifestadas durante a apresentação da mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial
da Paz dedicado em 2008 ao tema “Família humana, comunidade de paz”. O Cardeal
Renato Martino, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz (CPJP), falou aos
jornalistas dos conflitos que envolvem EUA, Iraque e Irão, assegurando que “os factos
estão a dar-me razão”. “Não existem armas de destruição de massa (no Irão), como
não existiam no Iraque”, indicou, em conferência de imprensa, o antigo representante
do Vaticano na ONU, o qual pediu o fim das trocas de palavras que “prejudicam a causa
da paz e alimentam a construção de novas armas”. O Cardeal Martino lembrou a forte
presença de armas atómicas nas mãos de russos e norte-americanos, sublinhando que
só nas bases dos EUA na Europa existem “350 armas nucleares do tipo B61”. Nas
preocupações da Santa Sé estão ainda as bombas de fragmentação, que deveriam ser banidas
até ao fim de 2008, algo que se prevê que não venha a acontecer por falta de acordo
na comunidade internacional. Perante este panorama, a mensagem do Papa apela ao
desarmamento, dado que as armas são “o alimento do conflito”, sublinhou, por seu lado,
o secretário do CPJP, D. Giampaolo Crepaldi. Ambos os responsáveis manifestaram
a sua preocupação diante do aumento da venda de armamento, apresentando números de
2006: a despesa militar chegou aos 1204 mil milhões de dólares. O Cardeal Martino
denunciou o aproveitamento da chamada “guerra contra o terrorismo” para “a renovação
dos aparelhos militares e dos armamentos, em particular por parte das potências nucleares”.
“Parece correcto afirmar que a actual política de segurança dos Estados ameaça
a própria paz e a segurança dos povos que pretende defender de sujeitos não estatais”,
salientou.