DOM TOMASI: A DIGNIDADE DA PESSOA E OS 60 ANOS DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS
HUMANOS
Genebra, 11 dez (RV) - A dignidade da pessoa é uma referência inevitável, na
Declaração Universal dos Direitos Humanos: foi o que afirmou nesta segunda-feira,
em Genebra, o Arcebispo Silvano Tomasi, por ocasião da abertura das comemorações pelo
60º aniversário desse documento, aprovado pela Assembléia Geral das Nações Unidas,
reunida em Paris, em 10 de dezembro de 1948.
"A Declaração Universal permanece
como o mais importante ponto exclusivo de referência, no debate transversal às culturas,
sobre a liberdade do homem e sobre a dignidade no mundo, e representa a normal base
legislativa para toda e qualquer discussão sobre os direitos humanos" _ afirmou Dom
Tomasi, observador permanente da Santa Sé junto à ONU e outras organizações internacionais
sediadas em Genebra, sede também da Comissão de Direitos Humanos da ONU.
"Os
direitos humanos _ observa o prelado _ não são conferidos aos Estados e a outras instituições,
mas são reconhecidos como inerentes a cada pessoa, independentemente de qualquer tradição
ética, social, cultural e religiosa, embora, de modo variado eles sejam resultado
dessas tradições."
Portanto "a dignidade humana vai além das diferenças, e
une todos os homens numa só família e, como tal, exige que todas as instituições políticas
e sociais promovam o desenvolvimento integral de cada um, como indivíduo, no seu relacionamento
com a comunidade".
Por isso _ acrescenta o representante da Santa Sé _ "a dignidade
humana diz respeito à democracia e à soberania, mas, ao mesmo tempo, vai, além delas".
Empenha todos _ governos ou organismos não-governamentais, entes religiosos e outras
comunidades, e também os Estados a trabalhar pela liberdade, pela igualdade e pela
justiça social para todos os seres humanos, respeitando o mosaico cultural e religioso
do mundo".
"Nesse contesto _ continua o arcebispo _ o importante debate sobre
a relação entre liberdade de palavra e de expressão, de um lado, e o respeito à religião
e aos símbolos religiosos, de outro, encontra uma solução na dignidade humana."
"De
fato, a dignidade humana é a base para a realização de todos os direitos humanos e,
ao mesmo tempo, ponto de referência para identificar os interesses nacionais, evitando
assim, o duplo perigo de extremo individualismo e coletivismo" _ afirma o prelado.
Dom
Tomasi conclui, sublinhando que "o respeito de todos os direitos humanos é a fonte
da paz", visto que, no artigo 28 da Declaração Universal dos Direitos Humanos se lê
que "todo indivíduo tem direito a uma ordem social e internacional, na qual os direitos
e as liberdades enunciados" no próprio texto "possam ser plenamente realizados". (JD/AF)