2007-12-07 12:49:19

Situação da Igreja na Ásia examinada no Vaticano


(7/12/2007) A Igreja “peregrina entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus”, escrevia Santo Agostinho, citado pelo Vaticano II: uma constatação que bem corresponde ao que exprimiram os participantes na recente reunião (décima primeira) do Conselho especial para a Ásia da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, a 20 de Novembro passado, no Vaticano. Na Ordem do Dia, a situação da Igreja na Ásia, com especial referência à aplicação da Exortação Apostólica pós-sinodal, “Ecclesia in Ásia”.
As comunicações e o debate efectuado permitiram delinear uma ampla panorâmica da vida eclesial neste imenso continente, assim como das condições de vida na sociedade civil, em muitos aspectos favoráveis à actividade da Igreja. Apontadas também preocupações, ligadas a variadas situações: guerra, corrida aos armamentos, recontros étnicos, violência, terrorismo, assim como também repressões e diferentes formas de limitação da liberdade de consciência. Uma variegada realidade eclesial que revela o contraste entre os sofrimentos de certos casos de perseguição e as alegrias de muitas realidades positivas.

As “perseguições” afectam sobretudo as minorias, quando os cristãos são praticamente constrangidos a abandonar o seu país de origem, vítimas de violências da parte de grupos fundamentalistas. A falta de liberdade religiosa exprime-se em várias formas: limites à comunicação entre os bispos e destes com o Papa; impossibilidade de erigir Conferências episcopais; dificuldade de obter vistos para os agentes pastorais; limites à construção de lugares de culto; impedimentos à presença na vida pública. Também as catástrofes naturais, como o tufão que tantas vítimas causou, recentemente, no Bangladesh, constituem um desafio para a caridade cristã da Igreja Católica na Ásia e no mundo inteiro.
As “consolações de Deus”, para as Igrejas na Ásia, correspondem a tantas realidades benéficas, como o acolhimento fraterno dos cristãos que fugiram para salvar a vida; o aumento do número de católicos em regiões onde, até agora, eram muito poucos; a fidelidade até ao dom da vida - como no caso dos quatro padres assassinados na Ásia, em 2006, cujo sacrifício, unido ao de outros cristãos, através do mundo, promete uma nova vitalidade de vida cristã, na certeza de que “o sangue dos mártires é semente de novos cristãos”. Adverte-se, de facto, um aumento de vocações sacerdotais e religiosas que permite que os próprios asiáticos se tornem missionários noutras Igrejas particulares, não só na Ásia mas também noutros continentes.

A Igreja continua aberta ao diálogo com as grandes religiões da Ásia, dando um contributo notável à tolerância e à concórdia civil, ao reforço do Estado de direito e do processo de democratização da sociedade.
O influxo da Igreja, pela sua actividade social nas escolas e hospitais, a favor da promoção humana, estende-se mesmo fora da comunidade dos cristãos, que são como que um gérmen de uma nova sociedade assente nos valores da paz, justiça, liberdade e caridade.
A aplicação da “Ecclesia in Ásia” está produzindo abundantes frutos, sobretudo através de programas de actividade diocesana ou de Cartas Pastorais dos bispos. A Exortação pós-sinodal constitui um documento apreciado não só pelo conteúdo teológico, mas também pelas indicações práticas, pois nele se encontram referências aos temas hoje em dia mais sentidos pela Igreja na Ásia: vida, paz, ambiente, educação, saúde, juventude, família, justiça, diálogo inter-religioso e concórdia civil.








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