CARDEAL-ARCEBISPO DE SALVADOR PEDE QUE BISPO DE BARRA SUSPENDA GREVE DE FOME
Salvador, 05 dez (RV) – Setores da Igreja Católica contrários à greve de fome
do bispo de Barra, BA, Dom Luiz Flávio Cappio, aumentaram a pressão pelo fim do protesto.
Nesta terça-feira, o cardeal-arcebispo primaz do Brasil, Geraldo Majella Ângelo, foi
a Sobradinho (540 km de Salvador) pedir pessoalmente ao religioso, que suspendesse
o jejum.
Dom Cappio, que não se alimenta há nove dias, em protesto contra
o projeto de transposição das águas do rio São Francisco, disse que não recuará. "Mantenho
meus propósitos" _ declarou ao jornal "Folha de São Paulo". O religioso conversou
por uma hora, a portas fechadas, com o Cardeal Majella Agnelo e mais quatro bispos,
entre os quais, o conselheiro permanente da Comissão Pastoral da Terra, Dom Tomás
Balduíno, aliado de Dom Cappio.
No encontro, o bispo recebeu uma carta do
cardeal, com a posição do regional Nordeste-3 (Bahia e Sergipe) e da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB). No documento, o organismo episcopal manifesta solidariedade
à luta do bispo, mas discorda da forma escolhida para fazê-lo.
O bispo de
Barra disse que ficou "alegre pela solidariedade" e afirmou que via o pedido de suspensão
do Cardeal Majella Agnelo como um gesto de preocupação com sua vida. "Os pedidos para
que eu recue vêm de toda parte" _ acrescentou.
Dom Luiz Flávio afirma que manterá
o jejum "até o fim". Ele condiciona a suspensão do protesto à saída do exército do
canteiro de obras, e ao arquivamento definitivo do projeto de transposição do "Velho
Chico". O governo, por sua vez, diz que a obra continua.
Mas não é apenas
Dom Cappio que protesta. Nesta quarta-feira, mais de mil pessoas ocuparam a ponte
do município Ibotirama, Bahia, fechando o acesso na BR-242 que leva a Brasília. A
ação foi mais um protesto contra o projeto de transposição das águas do rio São Francisco
e em solidariedade ao jejum de Dom Luiz Flávio Cappio.
Segundo informações,
desde as 6h30 (hora local) desta manhã, representantes de vários movimentos sociais,
pastorais e da Igreja Católica ocuparam a ponte, participando do ato de protesto.
Outro ato realizado nesta terça-feira, em Sobradinho, BA, onde está tendo
lugar o protesto silencioso do bispo, reuniu cerca de quatro mil manifestantes, que
também protestavam em defesa do rio São Francisco e em solidariedade a Dom Cappio.
(JD/AF)