Santa Sé condena campos de refugiados «permanentes»
(28/11/2007) A Santa Sé manifestou-se hoje contra as condições de vida nos campos
de refugiados, em especial no Sul do mundo, lamentando que as pessoas sejam obrigadas
a viver em locais "sobrelotados e, muitas vezes, em situações aterradoras". "Os
campos de acolhimento para deslocados e acolhimentos devem voltar a ser aquilo para
que foram criados: um local onde se está temporariamente" e não "residências permanentes",
referiu no Vaticano o Arcebispo Agostinho Marchetto, secretário Conselho Pontifício
para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes (CPPMI), durante a apresentação na Sala
de Imprensa da Santa Sé, da mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial do Migrante e
Refugiado 2008. Este responsável condenou veemente uma "prática generalizada"
que obriga os refugiados a permanecerem indefinidamente nos campos de acolhimento,
onde estão dependentes da distribuição de alimentos, não podendo trabalhar e vendo
limitada "a sua liberdade de movimentos". D. Marcheto disse mesmo que "a desnutrição
nos campos já não constitui uma excepção", mas a regra, impedindo "uma vida com um
mínimo de dignidade" e qualquer perspectiva de futuro. O Arcebispo lembrou que
cerca de 30% dos jovens e crianças destes campos não tem oportunidade de frequentar
a escola. Toda uma geração "nasceu e cresceu nos campos de refugiados", não conhecendo
outra realidade. Os jovens refugiados, sobretudo, vivem em condições dramáticas,
sofrendo "com a violação dos direitos humanos sofridas enquanto vítimas da guerra
e da violência ou de negligência, crueldade, abuso sexual, discriminação racial, agressões
e ocupação estrangeira dos locais onde viviam". Além de perderem as suas casas,
estes jovens perderam "a sua infância feliz, familiar e protegida". Os cristãos, indicou,
são convidados a "acolher os jovens migrantes e a assegurar que eles sejam tratados
com respeito pela sua dignidade humana".