ORTODOXOS GOSTAM DE BENTO XVI PORQUE DESTACA NECESSIDADE DE UMA COMUNHÃO VIVIDA
Cidade do Vaticano, 27 (RV) - O dia de reflexão que precedeu o Consistório
para a criação de 23 novos cardeais, confirma o convicto compromisso ecumênico de
Bento XVI. Uma prioridade indicada pelo papa desde o início de seu pontificado. Para
um comentário sobre o modo como esse compromisso é percebido no mundo ortodoxo, a
Rádio Vaticano entrevistou o arcebispo da Arquidiocese da Mãe de Deus, de Moscou,
Dom Paolo Pezzi:
Dom Paolo Pezzi-: "Parece-me que o julgamento que se
faz no mundo ortodoxo é particularmente positivo, sobretudo por duas razões: a primeira,
pelo fato de o papa dar uma impostação ecumênica não genérica, mas colher no ecumenismo
a necessidade de uma comunhão vivida. E esse me parece ser um aspecto muito bem recebido.
O segundo motivo reside no desejo expresso pelo Santo Padre de fazer todo o possível
para remover aqueles que podem ser os obstáculos a uma plena comunhão. Portanto, também
o desejo de não esconder-se diante dos problemas que podem manifestar-se, mas, pelo
contrário, ter a paciência e, ao mesmo tempo, a coragem de afrontá-los."
P.
Dom Pezzi, o senhor encontrou o papa nos dias passados. Um sinal ulterior da atenção
de Bento XVI pela Igreja russa e pelo diálogo com os ortodoxos...
Dom
Paolo Pezzi:- "No breve encontro que pude ter com Bento XVI, colhi imediatamente
a paixão do papa pelo bem da Igreja católica _ onde quer que se encontre _ e, portanto,
também pelo pequeno rebanho presente em Moscou. Em segundo lugar, manifestou seu interesse
pela nossa abertura na relação com a ortodoxia."
P. Dom Pezzi, comentando
sua nomeação para a Arquidiocese moscovita da Mãe de Deus, o metropolita ortodoxo
Kirill ressaltou que entre a Igreja católica e a Igreja ortodoxa é "tempo de degelo".
Todavia, não faltam dificuldades. Sobre quais pontos se pode dar vida a uma nova fase
nas relações entre Roma e Moscou?
Dom Paolo Pezzi:- "Parece-me que
há duas estradas que podem ser de grande ajuda. A primeira: não temer colocar em comum,
partilhar também os pontos de dificuldade, os pontos de diversidade, os pontos que
podemos dizer que são os obstáculos ou os problemas para essa comunhão. A segunda:
há um terreno _ parece-me _ que está se tornando terreno experimental desse caminho.
Um terreno social, um terreno comum, no qual os valores radicados em Cristo podem
ser certamente ocasião de diálogo e de encontro."
P. O Cardeal Kasper reiterou
recentemente que um encontro entre o Santo Padre e o patriarca de Moscou "seria útil".
O que é preciso para fazer para torná-lo também possível?
Dom Paolo
Pezzi:- "Para que de útil se torne possível é preciso, em primeiro lugar, que
o se considere efetivamente útil. É então necessário identificar para que coisa esse
encontro seria útil. Penso que tal encontro poderia ser útil justamente para aprofundar
o caminho rumo a uma plena comunhão. Parece-me também um coisa importante que não
se faça depender tudo desse encontro, mas que esse evento seja inserido ao longo de
um caminho, e não seja somente um encontro exterior. Parece-me que a indicação, a
expressão do Cardeal Kasper, vá nessa direção, isto é, que do encontrar-se poderia
nascer um impulso ao caminho que está sendo feito." (RL)