Em Jesus crucificado tem lugar a máxima revelação possível de Deus neste mundo: Bento
XVI na homilia de Cristo Rei, entregando o anel aos novos cardeais
(25/11/2007) A homilia constituiu um comentário às leituras desta solenidade de Cristo,
Rei do Universo, das quais emerge, dominante – observou o Papa – “a figura de Cristo,
o único Senhor, diante do qual somos todos irmãos. Toda a hierarquia da Igreja, todos
os carismas e ministérios, tudo e todos estamos ao serviço da sua senhoria”. Partindo
do Evangelho, Bento XVI sublinhou que é a Cruz “o acontecimento central, no qual Cristo
manifesta a sua realeza singular”.
“Em Jesus crucificado tem lugar a máxima
revelação possível de Deus neste mundo, porque Deus é amor, e a morte de Jesus na
Cruz é o maior acto de amor de toda a história. Pois bem, no anel cardinalício, que
daqui a pouco entregarei aos novos membros do sacro Colégio, está representada precisamente
a crucifixão. Isto, caros Irmãos neo-Cardeais, será sempre para vós um convite
a recordar de que Rei sois servidores, qual o trono sobre o qual ele foi elevado,
e como foi fiel até ao fim, para vencer o pecado e a morte com a força da misericórdia
divina. A mãe Igreja, esposa de Cristo, dá-vos esta insígnia como memória do seu
Esposo, que a amou e se entregou a si mesmo por ela. Assim, usando o anel cardinalício,
sois constantemente chamados a dar a vida pela Igreja”.
Comentando depois
o hino cristológico da Carta aos Colossenses, o Papa observou que “este texto do Apóstolo
exprime uma tão vigorosa síntese de verdade e de fé que não podemos deixar de ficar
profundamente admirados”:
“A Igreja é depositária do mistério de Cristo: é-o
com toda a humildade e sem sombra de orgulho e arrogância, porque se trata do maior
dos dons que recebeu sem qualquer mérito, como horizonte de e significado de salvação.
Não é uma filosofia, não é uma gnose, embora compreenda também a sapiência e o conhecimento.
É o mistério de Cristo; é o próprio Cristo, Logos incarnado, morto e ressuscitado,
constituído Rei do universo.”
“Como não experimentar um ímpeto de entusiasmo
pleno de gratidão por termos sido admitidos a contemplar o esplendor desta revelação?
Como não sentir ao mesmo tempo a alegria e a responsabilidade de servir este Rei,
de testemunhar com a vida e com a palavra a sua senhoria?”
“É este, de modo
particular, venerados confrades cardeais, a vossa tarefa: anunciar ao mundo a verdade
de Cristo, esperança para todos os homens e para toda a família humana. Na esteira
do Concílio Ecuménico Vaticano II, os meus venerados Predecessores, os Servos de Deus
Paulo VI, João Paulo I e João Paulo II, foram autênticos arautos da realeza de Cristo
no mundo contemporâneo. É para mim motivo de consolação poder contar sempre convosco,
tanto colegialmente como pessoalmente, para levar também eu a cumprimento esta tarefa
fundamental do ministério petrino”.
A concluir, o Santo Padre quis confiar
à oração dos novos cardeais “um aspecto intimamente unido a esta missão”: “a paz entre
todos os discípulos de Cristo, como sinal da paz que Jesus veio instaurar no mundo”.
Aprouve a Deus “re-pacificar” o universo mediante a cruz de Cristo. “A Igreja é aquela
porção de humanidade em que se manifesta já a realeza de Cristo, que tem como manifestação
privilegiada a paz. É a nova Jerusalém…” (na qual) “reconhecemos a figura da Igreja,
sacramento de Cristo e do seu Reino”.