2007-11-22 13:58:34

Há que respeitar o direito fundamental da pessoa humana a não passar fome: advertiu o Papa, ao receber os participantes na assembleia da FAO


Para respeitar “a dignidade inerente à pessoa humana”, há que “rejeitar todas as formas de discriminação”, nomeadamente “a violação do direito fundamental de cada pessoa a não passar fome”; “paz, prosperidade e respeito pelos direitos humanos estão inseparavelmente ligados”: recordou Bento XVI recebendo, quinta-feira dia 22 de Novembro, no Vaticano, os participantes na Conferência Geral da FAO – a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.

O Papa começou por recordar que “a Santa Sé sempre dedicou profundo interesse a todos os esforços que visam libertar a família humana da fome e da má-nutrição, consciente de que para resolver estes problemas se requer não só uma dedicação extraordinária e uma elevada competência técni´ca, mas também um genuíno espírito de cooperação que congregue todos os homens e mulheres de boa vontade”.

“Este nobre objectivo exige um claro reconhecimento da dignidade inerente à pessoa humana em todas as fases da vida. Há que rejeitar todas as formas de descriminação, e particularmente as que se opõem ao desenvolvimento agrícola, pois constituem uma violação do direito fundamental de cada pessoa a não passar fome”.

Referindo “os dados recolhidos” pela FAO e a vastidão dos programas desenvolvidos por esta organização para apoiar todos os esforços visando incrementar os recursos naturais, o Papa observou que estas actividades testemunham “um dos mais preocupantes paradoxos do nosso tempo”: “o incessante estender-se da pobreza num mundo que ao mesmo tempo experimenta uma prosperidade sem precedentes, não só na esfera económica, mas também no rápido desenvolvimento que se verifica nos campos da ciência e da tecnologia”.

“Pela sua parte, a Igreja tem a convicção de que a busca de soluções técnicas concretas num mundo em contínua evolução e expansão requer programas de amplo horizonte e impregnados de valores duradouros assentes na inalienável dignidade e nos direitos da pessoa humana”.

“Os esforços conjuntos da comunidade internacional para eliminar a má-nutrição e para promover um genuíno desenvolvimento requer estruturas de gestão e verificação e um investimento realista dos recursos necessários para enfrentar uma tão vasta gama de situações diversas. Requer o contributo de todos os membros da sociedade – indivíduos, organizações de voluntariado, empresários, e governos locais e nacionais – tendo sempre na devida consideração os principais morais e éticos que constituem património comum dos povos e as bases de toda a vida social”.
“A humanidade – observou ainda Bento XVI – tem sede de paz verdadeira e duradoura, que só é possível se os indivíduos e os grupos, a todos os níveis, e os líderes governamentais, cultivarem hábitos de decisões responsáveis, radicadas em princípios de justiça. É essencial que as sociedades dediquem as suas energias a educar autênticos construtores de paz”.
“A religião, como potente força espiritual capaz de curar as feridas do conflito e da divisão, tem o seu contributo próprio a fornecer neste aspecto, especialmente formando espíritos e corações em sintonia com uma visão da pessoa humana”.

Quase a concluir, o Papa não quis deixar de advertir os participantes na Assembleia Geral da FAO de que “o progresso técnico, por muito importante que seja, não é tudo” e “precisa de ser situado no contexto mais amplo do bem integral da pessoa humana”, “constantemente alimentado por um património comum de valores que possam inspirar iniciativas concretas visando uma mais equitativa distribuição de bens materiais e espirituais”.








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