CARDEAL MARTINI COMENTA SÍNODO SOBRE A PALAVRA DE DEUS
Jerusalém, 21 nov (RV) - Foram publicados nestes dias os Lineamenta (esquema
de trabalho) do Sínodo dos Bispos convocado por Bento XVI para outubro do próximo
ano, que terá como tema da Palavra de Deus. O papa, na audiência geral de 14 do corrente,
convidou os fiéis a lerem a Bíblia com freqüência, recordando, com São Jerônimo, que
ignorar a Sagrada Escritura é ignorar Cristo. Mas quais poderiam ser hoje as propostas
para "reforçar", como diz o esquema de trabalho, a prática de encontro com a Palavra
como fonte de vida? Quem nos responde _ do Pontifício Instituto Bíblico de Jerusalém
_ é o arcebispo emérito de Milão, Cardeal Carlo Maria Martini, grande estudioso das
Sagradas Escrituras:
Cardeal Carlo Maria Martini:- "Aquilo que é preciso
reforçar é, sobretudo, o que o papa chama 'lectio divina', isto é, a leitura da Escritura
como fonte de oração. Leitura tanto para as pessoas individualmente consideradas,
quanto para os grupos. Creio que reforçando isso se adquire um grande amor para com
a Palavra de Deus e se descobrem os seus tesouros."
P. Cardeal Martini,
no que diz respeito à questão da interpretação, qual tarefa cabe ao Magistério no
serviço da Palavra de Deus?
Cardeal Carlo Maria Martini:- "O Magistério
tem uma tarefa muito importante, que já foi definido muito bem pelo Concílio Vaticano
II na 'Dei Verbum'. Nela se dizia que a tarefa de interpretar autenticamente a Palavra
de Deus foi confiada somente ao Magistério vivo da Igreja, e depois acrescentava:
esse Magistério, porém, não está acima da Palavra de Deus, mas a serve ensinando somente
aquilo que foi transmitido. Portanto, o Magistério está a serviço da Palavra e defende
a interpretação autêntica dessa Palavra." (RL)