O Evangelho do dia, o Beato António Rosmini e as vítimas do Bangladesh: evocados pelo
Papa ao Angelus
(18/11/2007) O modelo de vida do Padre Rosmini, beatificado neste domingo à tarde,
em Novara (norte de Itália), foi evocada por Bento XVI, depois do Angelus, na Praça
de São Pedro. O Papa realçou o empenho com que, no meio de tantas dificuldades (mesmo
dentro da Igreja), em pleno século XIX, este sacerdote actuou no exercício da caridade,
nomeadamente do que chamava “a caridade intelectual”, para uma “reconciliação da razão
com a fé”.
“Esta tarde será beatificado em Novara o venerável servo de Deus
António Rosmini, grande figura de sacerdote e ilustre homem de cultura, animado por
um fervoroso amor a Deus e à Igreja. Ele testemunhou a virtude da caridade em todas
as suas dimensões e num elevado nível, mas aquilo que o tornou mais conhecido foi
o empenho naquilo que ele chamava caridade intelectual, isto é, a reconciliação
da razão com a fé. Que o seu exemplo ajude a Igreja, especialmente as comunidades
eclesiais italianas, a crescerem na consciência de que a luz da razão e a luz da Graça,
se caminham conjuntamente, se tornam manancial de bênção para a pessoa humana e para
a sociedade”.
Bento XVI recordou também o “tremendo ciclone” que atingiu nos
últimos dias o sul do Bangladesh, causando numerosíssimas vítimas e destruições… “Renovando
a expressão do meu profundo pesar às famílias e a toda aquele tão cara nação, faço
apelo à solidariedade internacional, que já se pôs em movimento para enfrentar as
necessidades mais imediatas. Encorajo a desenvolver todos os esforços para socorrer
estes irmãos tão duramente provados”.
Na alocução inicial, antes das Ave-Marias,
o Papa comentou brevemente o Evangelho deste domingo, em que Jesus convida os discípulos
a não terem medo, enfrentando isso sim, com confiança, “dificuldades, incompreensões
e mesmo perseguições, perseverando na fé”. Tendo bem presente a exortação do Senhor,
“desde o início a Igreja vive na expectativa orante” do Seu regresso”, “perscrutando
os sinais dos tempos e pondo de sobreaviso os fiéis contra os messianismos” que ressurgem
de vez em quando anunciando como iminente o fim do mundo. “Na realidade, a história
deve fazer o seu caminho, que comporta também dramas humanos e calamidades naturais.
Nela se desenvolve um plano de salvação ao qual Cristo já deu cumprimento na sua incarnação,
morte e ressurreição.” Há, pois, que acolher o convite de Cristo a enfrentar os
acontecimentos de cada dia com uma grande confiança no seu amor providente: “Não
receemos pelo futuro, mesmo quando este nos possa aparecer preocupante, porque o Deus
de Jesus Cristo, que assumiu a história para a abrir ao seu cumprimento transcendente,
é o seu alfa e ómega, princípio e fim. Ele nos garante que em cada pequeno mas genuíno
acto de amor está todo o sentido do universo, e que quem não hesita em perder a própria
vida por Ele, a reencontra em plenitude”
Esta “perspectiva” de fé e de esperança,
vivem-na intensamente – recordou o Papa – as monjas de clausura, às quais a Igreja
dedica uma Jornada especial, na próxima quarta-feira, memória da apresentação de Maria
ao templo. “Muito devemos a estas pessoas que vivem daquilo que a Providência lhe
assegura mediante a generosidade dos fiéis”.
“O mosteiro, como oásis espiritual,
indica ao mundo de hoje a coisa mais importante, mais ainda – a única coisa decisiva:
que existe uma razão última pela qual vale a pensa viver – Deus e o seu amor imperscrutável.
A fé que actua pela caridade é o único antídoto contra a mentalidade niilista que
na nossa época vai estendendo cada vez mais o seu influxo no mundo