ANGELUS: PAPA FAZ TRÊS APELOS E REFLETE SOBRE A VISÃO BÍBLICA DA HISTÓRIA
Cidade do Vaticano, 18 nov (RV) – O Papa Bento XVI encontrou-se ao meio-dia
deste domingo, na Praça São Pedro, como o faz todos os domingos, com os fiéis e peregrinos
de todas as partes do mundo para a habitual oração mariana do Angelus. Numa manhã
de sol e frio o Santo Padre fez três apelos distintos. O primeiro apelo à solidariedade
internacional para com o Bangladesh - país que teve sua região sul devastada pela
passagem do ciclone Sidr, causando a morte de mais de 2 mil pessoas.
“Ao
renovar os meus pêsames às famílias e à toda a nação, a mim tão cara, faço um apelo
à solidariedade internacional, que já se mobilizou para atender às necessidades mais
urgentes. Encorajo _ disse o Papa _ a empreender todos os esforços possíveis para
levar socorro a estes irmãos tão duramente provados”.
O pontífice também
dirigiu um apelo ao mundo para que proíba de forma definitiva as minas terrestres
antipessoais - artefatos mortais que estão à espreita de suas vítimas, protegidas
pela invisibilidade - por ocasião da abertura, na Jordânia de uma conferência internacional
sobre essas minas.
“A Santa Sé é um dos principais promotores dessa Convenção
adotada 10 anos atrás. Exprimo, portanto, de coração _ continuou Bento XVI _ os meus
votos e meu encorajamento pelo bom êxito da conferência, a fim de que esses artefatos,
que continuam a fazer vítimas, entre as quais muitas crianças, sejam completamente
abolidos”.
A oitava assembléia dos Estados participantes da Convenção de
Ottawa, que proíbe as minas antipessoais, foi aberta neste domingo na Jordânia e vai
prosseguir até 22 de novembro.
Segundo o último relatório da ONG Campanha internacional
para a interdição das minas, foram registradas 5.751 vítimas no mundo em 2007, um
número que considera, no entanto, subestimado.
O Papa Bento XVI pediu ainda
neste domingo durante a oração do Angelus, _ falando em francês _ esforços redobrados
para sermos prudentes, a fim de proteger nossas vidas e a dos outros nas estradas.
O pedido foi feito por ocasião do Dia Mundial em Memória às Vítimas do Trânsito.
O
Papa destinou sua oração de hoje a todas as pessoas que morreram em acidentes de trânsito
e por suas famílias. Além disso, disse que a prudência na estrada “é um dever de caridade
de uns para com os outros”.
O dia em memória das vítimas do trânsito, promovido
pela Organização Mundial da Saúde, busca sensibilizar sobre um problema que mata 1
milhão e 200 mil pessoas por ano e fere ou deixa incapacitadas outras 50 milhões.
Antes de fazer a série de apelos nesta manhã, na sua alocução tradicional
do domingo, Bento XVI recordou que no Evangelho de hoje, Lucas repropõe à nossa reflexão
a visão bíblica da história e refere as palavras de Jesus, que convida os discípulos
a não terem medo, mas a enfrentarem as dificuldades, incompreensões e até mesmo as
perseguições com confiança, perseverando na fé.
O Papa citou em seguida as
palavras de Jesus: “Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não vos assusteis.
É preciso que primeiro estas coisas aconteçam, mas não virá logo o fim". A Igreja
– continuou Bento XVI - recordando sempre essa advertência, desde o seu início vive
na oração a espera do retorno de seu Senhor, interpretando os sinais dos tempos e
chamando a atenção do fiéis para os recorrentes messianismos, que sempre anunciam
como iminente o fim do mundo”.
“Na realidade, _ disse o Papa _ a história
deve seguir o seu curso, que comporta também dramas humanos e calamidades naturais.
Nela se desenvolve um designo de salvação à qual Cristo já realizou na sua encarnação,
morte e ressurreição. Este mistério a Igreja continua a anunciar e atuar com a pregação,
com a celebração dos sacramentos e com o testemunho da caridade”, destacou.
“Queridos
irmãos e irmãs, disse ainda o Santo Padre, vamos acolher o convite de Cristo e enfrentar
os eventos cotidianos confiando no seu amor providente. Não devemos temer o futuro,
mesmo quando pode nos parecer escuro, porque o Deus de Jesus Cristo, que assumiu a
história para abri-la à sua realização transcendente, é alfa e ômega, princípio e
fim. Ele nos garante que em cada pequeno mas genuíno ato de amor está todo o sentido
do universo, e que quem não hesita a perder a sua vida por Ele, a reencontra em plenitude”.
Neste
sentido o Papa recorda as pessoas consagradas que colocaram, sem reservas, a sua vida
ao serviço do Reino de Deus.
“Entre elas, gostaria de recordar particularmente
as pessoas chamadas à contemplação nos mosteiros de clausura. A elas a Igreja dedica
um Dia especial quarta-feira próxima, 21 de Novembro, celebração da apresentação no
Templo da Bem-aventurada Virgem Maria. Muito devemos a essas pessoas que vivem daquilo
que a Providência lhes concede através da generosidade dos fiéis”.
O Santo
Padre recordou ainda durante o Angelus que na tarde deste domingo foi beatificado
na cidade italiana de Novara, o Servo de Deus Antonio Rosmini, grande figura de sacerdote
e ilustre homem de cultura, animado por um fervoroso amor a Deus e à sua Igreja. (SP)