AUDIÊNCIA GERAL: PARA RECORDA QUE A EDUCAÇÃO É A VERDADEIRA CONDIÇÃO DA PAZ
Cidade do Vaticano, 14 nov (RV) - Quarta-feira é dia de Audiência Geral. Na
Praça São Pedro, apesar do céu encoberto, milhares de fiéis escutaram a catequese
do Santo Padre, novamente dedicada a São Jerônimo. Ele foi declarado por Bento XV
"doutor eminente da interpretação da Sagrada Escritura", por sua vida dedicada ao
estudo da Bíblia.
São Jerônimo destacava a alegria e a importância de se familiarizar
com os textos bíblicos, porque, segundo sua célebre frase, "ignorar a Escritura é
ignorar a Deus". Quando rezamos _ afirmava _ falamos com o Esposo, quando lemos a
Bíblia, é Ele que nos fala. O papa acrescentou que a meditação freqüente da Bíblia
torna o homem sábio e sereno, mas para penetrar mais profundamente na Palavra de Deus,
é necessária uma aplicação constante e progressiva de seus ensinamentos.
Bento
XVI recordou que o critério metodológico fundamental utilizado por São Jerônimo, na
interpretação das Escrituras, era "a sintonia com o Magistério da Igreja": "Nunca
podemos ler a Bíblia sozinhos. Encontramos demasiadas portas fechadas e cedemos facilmente
ao erro. A Bíblia foi escrita pelo Povo de Deus e para o Povo de Deus, sob a inspiração
do Espírito Santo. Somente nesta comunhão com o Povo de Deus podemos, realmente, entrar
no núcleo da verdade que o próprio Deus quer nos dizer."
São Jerônimo, certamente,
não ignorava o aspecto ético. Ele recordava aos fiéis, o dever de conciliar a vida
com a Palavra divina. Tal coerência _ recorda o papa _ é indispensável para todo cristão
e, particularmente, para o pregador, para que as suas ações, caso estejam em desacordo
com os discursos, não o coloquem em dificuldade.
Ainda sobre o tema da coerência,
São Jerônimo observava que o Evangelho deve traduzir-se em atitudes de real caridade,
porque em cada ser humano está presente a própria pessoa de Cristo. "Qual o objetivo
de revestir as paredes com pedras preciosas, se Cristo morre de fome na pessoa de
um pobre?" _ dizia o santo, recomendando que devemos "vestir Cristo nos pobres, visitá-lo
nos sofredores, nutri-lo nos esfomeados, e alojá-lo nos sem-teto".
São Jerônimo
_ explicou ainda o Santo Padre _ foi modelo de conduta e mestre de ascética, recordando
que a perfeição requer constante vigilância, freqüentes mortificações, trabalho intelectual
ou manual assíduos, para evitar o ócio e, sobretudo, obediência a Deus. No caminho
ascético, pode ser incluída a prática das peregrinações, que São Jerônimo impulsionou,
em particular para a Terra Santa.
Enfim, São Jerônimo deu grande contribuição
à pedagogia cristã, destacando a responsabilidade dos pais na educação de seus filhos.
Sobretudo, o santo exortava os pais a criarem um ambiente de serenidade e de alegria
em torno dos filhos, a estimulá-los ao estudo e ao trabalho, e a superarem as dificuldades.
Os pais _ recordou o pontífice _ são os principais educadores dos filhos,
os primeiros mestres de vida.
Outro aspecto inovador para a época, mas considerado
vital pelo santo, era a promoção da mulher, a quem são Jerônimo reconhece o direito
a uma formação completa: ou seja, humana, escolar, religiosa e profissional.
"Hoje,
vemos, justamente, que a educação integral da personalidade e a educação à responsabilidade
diante de Deus e diante do homem são as verdadeiras condições de todo progresso, de
toda paz, de toda reconciliação e da exclusão da violência. Educação diante de Deus
e diante do homem: é a Sagrada Escritura que nos oferece o caminho da educação e,
assim, do verdadeiro humanismo" _ refletiu Bento XVI.
No final de sua catequese,
o Santo Padre saudou os fiéis, peregrinos e turistas em diversas línguas. Em italiano,
ele recordou os quatro anos do atentado à base militar italiana de Nassirya, que matou
19 soldados: "Que a memória desses nossos irmãos e das pessoas que sacrificaram o
bem supremo da vida pelo nobre intuito da paz contribua a amparar o caminho do renascimento,
repleto de esperança, do querido povo iraquiano."
Eis a saudação do papa em
português: "Caríssimos irmãos e irmãs de língua portuguesa, saúdo os que me
ouvem, desejando-lhes todo o bem, com as graças divinas, na sua caminhada como novo
Povo de Deus. Em particular, sejam bem-vindos os grupos de peregrinos do Brasil e
de Portugal: abençoando-vos, penso em vossos entes queridos. Que sejais felizes!"
(BF/AF)