MENSAGEM DO PAPA PELOS 1.600 ANOS DA MORTE DE SÃO JOÃO CRISÓSTOMO
Cidade do Vaticano, 08 nov (RV) - Falou "apaixonadamente da unidade da Igreja
espalhada no mundo", denunciou o contraste que existia no século IV "entre o desperdício
extravagante dos ricos e a indigência dos pobres", e procurou dar assistência aos
doentes: esses são alguns dos aspectos da personalidade de São João Crisóstomo, que
Bento XVI quis recordar, numa mensagem endereçada aos participantes do congresso iniciado
nesta quarta-feira, em Roma, no Instituto Patrístico Augustinianum, para recordar
os 1.600 anos da morte desse importante Padre da Igreja.
Uma ocasião _ escreve
o pontífice _ "para incrementar os estudos sobre ele, recuperar seus ensinamentos
e difundir a devoção" a São João Crisóstomo.
Os séculos nos transmitiram a
força expressiva da pregação e a eficácia de suas palavras, deixando-nos imaginar
aquele tom persuasivo e aquelas expressões de seu falar, que lhe deram o título de
"Boca de ouro" _ em grego, Crisóstomo.
Deve-se a ele _ escreve Bento XVI _
a promoção "daquele frutuoso encontro entre a mensagem cristã e a cultura helênica",
e aquele "grande compromisso em tornar o ensinamento da Igreja acessível às pessoas
simples", como "também aos dissidentes, preferindo usar para com eles a paciência,
ao invés da agressividade, porque acreditava _ ressalta o papa _ que, para vencer
um erro teológico, "nada era mais eficaz do que a moderação e a gentileza".
Incansável
pregador da Igreja de Antioquia _ na atual Turquia _ João Crisóstomo costumava repetir
a seus fiéis que o que "caracteriza o compromisso cívico dos cristãos" deve ser, "em
particular, a rejeição de meios violentos na promoção de transformações políticas
e sociais".
Em 398, o bispo de Constantinopla reformou o clero e impeliu os
presbíteros "a viverem em conformidade com o Evangelho". Evitou "toda ostentação de
luxo e adotou "um estilo de vida modesto", distribuiu ajudas aos fiéis e "sugeriu
aos ricos que acolhessem os sem-teto em suas casas".
Em sua mensagem, Bento
XVI descreve, em seguida, que "sua persistente defesa em favor do pobre e a reprovação
de quem era rico foi tanta, que suscitou desapontamento e também hostilidade contra
ele por parte de alguns ricos e daqueles que detinham o poder político".
São
João Crisóstomo foi, por duas vezes, condenado pelo imperador, ao exílio, mas "seu
corajoso testemunho em defesa da fé eclesial" e "sua generosa dedicação ao ministério
pastoral" jamais vacilaram.
O Santo Padre recorda a solicitude de São João
Crisóstomo pela Sagrada Liturgia _ "uma das mais ricas expressões da Liturgia oriental
traz... o seu nome".
Crisóstomo havia entendido _ acrescenta o papa _ que "a
divina liturgia coloca espiritualmente o fiel entre a vida terrena e as realidades
celestes... prometidas pelo Senhor". Comumente, exortava "os fiéis a se aproximarem
dignamente do altar do Senhor... "não por costume e formalidade", mas com "sinceridade
e pureza de espírito", reiterando "que a preparação para a Santa Comunhão deve incluir
o arrependimento dos pecados e a gratidão pelo sacrifício de Cristo pela nossa salvação".
"Da
contemplação do Mistério" Crisóstomo jamais se esquecia de assumir as "conseqüências
morais" _ lê-se do doutor da Igreja na mensagem do Santo Padre _ e a seus ouvintes
explicava que "a comunhão com o Corpo e o Sangue de Cristo... obriga a dar assistência
material aos pobres e aos famintos". (RL)