ECONOMIST: RELIGIÃO É PARTE "IMPRESCINDÍVEL" DA POLÍTICA NO SÉCULO XXI
Roma, 03 nov (RV) – "Os ateus e os agnósticos podem até mesmo não suportar
esta realidade, mas nos dias de hoje, a religião é parte imprescindível da política."
Essa é uma das conclusões a que chega o especial, dedicado pelo "Economist", esta
semana, às relações entre religião e política, num mundo onde, sobretudo depois dos
fatos de 11 de setembro de 2001, nos EUA, a fé retornou ao centro do debate público.
Considerada
quase como "em vias de extinção", no curso do último século, a religião _ escreve
o semanário britânico _ jamais desaparecera, e fora, sobretudo, o mundo ocidental
a subestimar sua vitalidade, ao menos até uns dez anos atrás, quando a crise das ideologias
seculares, iniciada na década de 70, abriu à religião os espaços que haviam ficado
livres, após a queda da confiança na capacidade dos governos.
A religião, todavia,
segundo um relatório feito pessoalmente, pelo diretor do "Economist", John Micklethwait,
"voltou a centro da cena como uma questão mais democrática e social: foram os cidadãos,
e não mais os Estados, que promoveram essa volta da religião ao centro da vida pública,
em sociedades nas quais a tolerância e a laicidade são consideradas como "valores
adquiridos"".
"Não é a secularização a ser moderna, como acreditavam muitos
intelectuais, mas sim o pluralismo. Com a liberalização da religião, tanto os fiéis
quanto os ateus mais entusiastas vivem uma fase de prosperidade" _ diz a revista.
No
quadro desse retorno "pluralista" da religião, se pode esperar, porém, paralelamente,
nas sociedades desenvolvidas, um aumento dos contrastes entre as várias confissões,
assim como entre os que crêem e os que não crêem, especialmente no que diz respeito
a questões éticas e científicas controvertidas.
O semanário britânico sugere
aos políticos que afrontam os complexos problemas de uma sociedade multirreligiosa,
que "mantenham sólido, em linha de máxima, o princípio da divisão entre Igreja e Estado,
aplicando essa divisão, porém de maneira pragmática. (BF/AF)