PAPA AO FINAL DE CONCERTO: "A VERDADEIRA ALEGRIA ESTÁ NA LIBERDADE QUE SOMENTE DEUS
PODE DAR"
Cidade do Vaticano, 28 out (RV) - “Às vezes, precisamente através de períodos
de vazio e de isolamento internos, Deus quer tornar-nos atentos e capazes de sentir
a sua presença silenciosa não só no alto do firmamento, mas também no íntimo de nossa
alma”.
Com essas palavras, Bento XVI comentou sábado à tarde a Nona Sinfonia
de Beethoven, executada especialmente para ele pela Orquestra Sinfônica e o Coro alemão
de Bayerischer Rundfunk, na Sala Paulo VI.
A solidão silenciosa - explicou
- havia ensinado a Beethoven uma maneira nova de escutar, que parece uma maneira nova
de percepção, um dom para quem obtém de Deus a graça de uma libertação externa e interna.
“A
Nona Sinfonia, esta imponente obra-prima, suscita sempre de novo a minha maravilha:
após anos de auto-isolamento e de vida retirada, com a depressão e a profunda amargura
que ameaçavam sufocar a sua criatividade, o artista, já totalmente surdo, surpreendeu
o público com uma composição que rompia a forma tradicional da sinfonia e, na cooperação
de orquestra, coro e solistas, eleva-se a um extraordinário final de otimismo e de
alegria. E não foi por acaso - concluiu Bento XVI - que precisamente a execução do
Hino à alegria saudou a queda do muro de Berlim”.
A Sala Paulo VI dedicou um
aplauso caloroso aos 174 artistas, e o pontífice foi saudar pessoalmente o maestro
Jansons, aproximando-se do palco. Estavam presentes também o irmão do papa, mons.
Georg Ratzinger, e o ministro presidente da Baviera Guenther Beckstein com a esposa,
e diversos bispos, entre os quais o cardeal Friedrich Wetter, arcebispo emérito de
Munique e Frisinga. (CM)