A fecundidade do martírio evocada na Missa de beatificação de 498 mártires espanhóis
do século XX
(28/10/2007) 498 fiéis martirizados na perseguição religiosa que teve lugar durante
a Guerra Civil Espanhola (1934-1939), foram beatificados este Domingo; trata-se de
dois bispos, 24 sacerdotes diocesanos, 462 membros de Institutos de Vida Consagrada
(religiosos), um diácono, um subdiácono, um seminarista e sete leigos, homens e mulheres.
O mais novo tinha 16 anos; o mais velho, 78. A Missa com a cerimónia de beatificação
teve lugar na Praça de São Pedro e foi presidida pelo Cardeal D. José Saraiva Martins,
Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, e foi concelebrada pelos bispos
espanhóis presentes em Roma, pelos superiores gerais das ordens religiosas e por
mais de mil sacerdotes diocesanos e religiosos, na presença de 2.500 familiares dos
mártires e dezenas de milhares de pessoas A maioria dos sacerdotes concelebrantes
procedia das dioceses, ordens e congregações de origem dos novos bem-aventurados.
Durante o rito de beatificação o Cardeal-arcebispo de Madrid, Antonio María Rouco
Varela, arquidiocese à qual pertence o maior número dos mártires, aproximou-se do
altar acompanhado dos bispos das dioceses que foram responsáveis pela instrução das
23 causas de beatificação e pelos respectivos postuladores e, com breves palavras,
solicitou a Bento XVI que os nomes dos mártires fosse inscritos no “álbum dos bem-aventurados”.
Depois, o Cardeal Saraiva Martins fez a leitura da carta apostólica de Bento XVI,
de beatificação. O rito foi concluído com palavras de agradecimento do Cardeal-arcebispo
de Madrid. “Os mártires não alcançaram a glória só para si mesmos. O seu sangue,
que embebeu a terra, foi sulco que produziu fecundidade e abundância de frutos”. Recordou-o
o cardeal Saraiva Martins, na homilia da Missa de beatificação . “Este tão numeroso
grupo de bem-aventurados – sublinhou o Prefeito da Congregação para as causas dos
Santos - manifestou até ao martírio o seu amor a Jesus Cristo, a sua fidelidade à
Igreja Católica e a sua intercessão junto de Deus, por todo o mundo. Antes de morrer
perdoaram aos que os perseguiram, mais ainda, rezaram por eles”. “Como afirma
o Catecismo da Igreja Católica: ‘o martírio é o testemunho supremo prestado à verdade
da fé’. Seguir Jesus significa, de facto, segui-lo mesmo na dor e aceitar as perseguições
por amor do Evangelho”. “Os mártires não alcançaram a glória só para si mesmos.
O seu sangue, que embebeu a terra, foi sulco que produziu fecundidade e abundância
de frutos – sublinhou o cardeal Saraiva Martins, que recordou o convite lançado por
João Paulo II para que se conserve a memória dos mártires: “Se se perdesse a
memória dos cristãos que sacrificaram a vida para confessar a fé, o tempo presente,
com seus projectos e ideais, perderia uma preciosa componente, já que os grandes valores
humanos e religiosos deixariam de estar corroborados por umatestemunho concreto, inscrito
na história”. “A vida cristã – destacou ainda o cardeal Saraiva Martins – não
se reduz a uns actos de piedade individuais e isolados, mas há-de abarcar cada instante
dos nossos dias na terra. Jesus Cristo há-de estar presente no fiel cumprimento dos
deveres da nossa vida ordinária, tecida de pormenores aparentemente pequenos e sem
importância, mas que assumem relevo e grandeza sobrenatural quando realizados com
amor sobrenatural”.