2007-10-26 15:28:30

Cimeira UE - Russia em Mafra


(26/10/2007) As novas propostas da União Europeia sobre a energia e o futuro estatuto do Kosovo serão alguns dos temas quentes a discutir na cimeira UE-Rússia que hoje se realiza em Mafra, Portugal. É a vigésima, é de transição, é a última de Vladimir Putin como chefe do Estado russo. Não são esperados, porém, grandes avanços na nova parceria estratégica entre as partes.

O início das negociações de um acordo mais amplo, que substituirá o actual, com dez anos, permanece bloqueado pelo veto da Polónia. Trata-se de uma forma de retaliação que Varsóvia encontrou para o embargo que Moscovo impõe à sua carne desde há dois anos. A vitória dos liberais polacos nas eleições de domingo, sobre o partido conservador dos Kaczynski, poderá significar o fim do bloqueio. Mas a presidência portuguesa da UE diz não ter, para já, qualquer indicação nesse sentido.
Os europeus importam 25% do seu gás e petróleo da Rússia e, desde o início de 2006, quando a Gazprom decidiu cortar o gás à Ucrânia, passaram a preocupar-se a sério com a hipótese de o país liderado por Vladimir Putin estar a usar a energia como arma política. Moscovo tem recusado acordos vinculativos, por isso não ratifica a Carta da Energia, nem no âmbito da nova parceria estratégica UE-Rússia.
Além de Sócrates, Barroso e Putin, participam na cimeira, entre outros, o Alto representante para a política externa, Javier Solana, e a comissária europeia para as Relações Externas, Benita Ferrero-Waldner, que sugeriu a presença de observadores da OSCE nas legislativas de Dezembro e presidenciais de 2008. Putin não vai ser candidato a um terceiro mandato, porque a Constituição proíbe, mas já fez saber que participa nas legislativas.

A posição da Federação Russa quanto à questão da independência do Kosovo, em relação à Sérvia, é vista sob o "princípio da territorialidade do Estado", explicou aos jornalistas, ontem, Vladimir Putin, presidente russo, após um encontro com Cavaco Silva, no Palácio de Belém. Também o dossiê nuclear do Irão, outra das questões que cavam um fosso entre a Federação Russa e a União Europeia (UE), foi abordado por Putin, que lembrou "não valer a pena ir a correr com uma arma branca na mão, aos gritos, para conseguir uma solução". A alusão a uma eventual histeria por parte de países ocidentais na abordagem da questão levantou muitos sorrisos na Sala das Bicas, onde decorreu o encontro.

O resto das declarações dos dois chefes de Estado passou por uma visão confiante em relação à cimeira, que hoje se inicia em Mafra, destacando as boas relações entre portugueses e russos.

Putin rejeitou a ideia de que estas boas relações, com Portugal, estejam em contracorrente com as que o Ocidente tem mantido com os russos. Admitiu algumas divergências, mas "não suficientes para que as relações com a UE sejam más ". Cavaco Silva, por seu lado, fez "votos para que saia (da cimeira) uma mensagem positiva em relação a essas divergências".

Ainda sobre o Irão, o presidente russo reafirmou-se contra a proliferação das armas nucleares e não-convencionais, lembrando que Teerão assinou um acordo nesse sentido e que a a mesma questão em relação à Coreia do Norte foi pacificada por via diplomática.







All the contents on this site are copyrighted ©.